sábado, 25 de abril de 2020


CHEGOU O COMUNAVÍRUS
Ernesto Araújo

O Coronavírus nos faz despertar novamente para o pesadelo comunista. Chegou o Comunavírus. É o que mostra Slavoj Žižek, um dos principais teóricos marxistas da atualidade, em seu livreto “Virus”, recém-publicado na Itália (*). Žižek revela aquilo que os marxistas há trinta anos escondem: o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo. A pandemia do coronavírus representa, para ele, uma imensa oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade. Cito e comento, a seguir, alguns trechos do livreto de Žižek, essa obra-prima de naïveté canalha, que entrega sem disfarce o jogo comunista-globalista de apropriação da pandemia para subverter completamente a democracia liberal e a economia de mercado, escravizar o ser humano e transformá-lo em um autômato desprovido de dimensão espiritual, facilmente controlável:
“Tomara que se propague um vírus ideológico diferente e muito mais benéfico, e só temos a torcer para que ele nos infecte: um vírus que faça imaginar uma sociedade alternativa, uma sociedade que vá além do Estado-nação e se realize na forma da solidariedade global e da cooperação.”“Uma coisa é certa: novos muros e outras quarentenas não resolverão o problema. O que funciona são a solidariedade e uma resposta coordenada em escala global, uma nova forma daquilo que em outro momento se chamava comunismo.”
Žižek não esconde seu anseio e sua convicção de que um vírus “diferente e mais benéfico” do que o coronavírus, o vírus ideológico, contagiará o mundo e permitirá construir o comunismo de uma forma inesperada. Não está sequer interessado naquilo que funciona ou não funciona para combater o coronavírus, a quarentena ou o fechamento de fronteiras, pois o objetivo não é debelar a doença, e sim utilizá-la como escada para descer até o inferno, cujas portas pareciam bloqueadas desde o colapso da União Soviética, mas que finalmente se reabriu. Tudo em nome da “solidariedade”, claro, do mesmo modo que no universo de 1984 de Orwell a opressão sistemática fica a cargo do “Ministério do Amor”. Quem quiser defender suas liberdades básicas, quem quiser continuar vivendo num Estado-Nação, estará faltando com o dever básico de “solidariedade”.
“Um primeiro e vago modelo de uma tal coordenação na escala global é representado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (...) Serão conferidos maiores poderes a outras organizações desse tipo.”
Não escapa a Žižek, naturalmente, o valor que tem a OMS neste momento para a causa da desnacionalização, um dos pressupostos do comunismo. Transferir poderes nacionais à OMS, sob o pretexto (jamais comprovado!) de que um organismo internacional centralizado é mais eficiente para lidar com os problemas do que os países agindo individualmente, é apenas o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária. Seguindo o mesmo modelo, o poder deve ser transferido também para outras organizações, cada uma em seu domínio. Žižek não o especifica, mas provavelmente tem em mente uma política industrial global sendo ditada pela UNIDO, um programa educacional global controlado pela UNESCO e assim por diante.
“Tudo isto acaso não mostra com clareza a necessidade urgente de uma reorganização da economia global que não esteja mais sujeita aos mecanismos do mercado? E aqui não estamos falando do comunismo de outrora, naturalmente, mas de algum tipo de organização global que possa controlar e regular a economia, como também que possa limitar a soberania dos Estados nacionais quando seja necessário.”
Sim, não é o comunismo de outrora, que instalava ora num país, ora noutro, um sistema de planejamento econômico central, sempre fracassado em proporcionar bem-estar, sempre exitoso em controlar e oprimir a sociedade. Trata-se agora de um planejamento central mundial, que certamente traria o mesmo fracasso e o mesmo êxito desse modelo quando aplicado no passado na escala nacional.
“Muitos comentaristas progressistas moderados e de esquerda revelaram como a epidemia do coronavírus se presta a justificar e legitimar a imposição de medidas de controle e disciplina das pessoas até aqui inconcebíveis no quadro das sociedades democráticas ocidentais."
Žižek menciona entre esses comentaristas a Giorgio Agamben, filósofo de esquerda aparentemente não-marxista, que escreveu com grande apreensão sobre o cerceamento de liberdades que está em curso e que considerou a reação à pandemia um pânico altamente exagerado (**). Mas aquilo que esses comentaristas vêem com preocupação, Žižek recebe com júbilo, e intitula o capítulo em que trata desse tema justamente:

"Vigiar e punir? Sim, por favor!"
Refere-se Žižek, naturalmente, ao título do livro de 1975 de Michel Foucault, Surveiller et Punir no original, que descrevia a evolução das prisões do Século XIX para as prisões sem grades da sociedade de controle da pós-modernidade ocidental.
"Não surpreende que, ao menos até agora, a China - que já empregava largamente sistemas de controle social digitalizado - se tenha demonstrado a mais bem equipada para enfrentar a epidemia catastrófica. Deveremos talvez deduzir daí que, ao menos sob alguns aspectos, a China represente o nosso futuro? Não nos estamos aproximando de um Estado de exceção global?”
“Mas se não é esse [o modelo chinês] o comunismo que tenho em mente, que entendo por comunismo? Para entendê-lo, basta ler as declarações da OMS.”
Žižek tem uma atitude ambígua em relação à China. Admira o que considera o êxito chinês no controle social, mas ao mesmo tempo não parece querer identificar a sua própria concepção de comunismo com o regime chinês, talvez porque o comunismo, ao final das contas, exige o fim do Estado, enquanto a China representa o modelo de Estado forte que o comunismo visa a superar. Esse não-Estado, esse grau zero do Estado que corresponde ao grau máximo do poder, Žižek vai buscá-lo nos organismos internacionais, que permitiriam, no que parece ser a sua visão, o exercício totalitário sem um ente totalizante, um ultrapoder rígido mas difuso, exercido em nome da “solidariedade” e portanto inatacável – pois quem ousaria posicionar-se contra a solidariedade? “Solidariedade” é mais um conceito nobre e digno que a esquerda pretende sequestrar e perverter, corromper por dentro, para servir aos seus propósitos liberticidas. Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça, tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade.
“Não é uma visão comunista utópica, é um comunismo imposto pelas exigências da pura sobrevivência. Trata-se de uma variante do ‘comunismo de guerra’ como foram chamadas as providências tomadas pela União Soviética a partir de 1918”.
Žižek parece querer dizer: “Não se preocupem. Não há nada de ideológico no que proponho. Apenas me guio pelo pragmatismo de quem quer salvar a humanidade, e neste momento o pragmatismo dita a opção por um sistema comunista, mas é um comunismo de emergência, só isso.” Então perguntaríamos: “E quando vai acabar essa emergência? Quando vai acabar esse Estado de exceção?” Žižek possivelmente responderia, com um sorriso cheio de “solidariedade”: “A emergência vai durar para sempre.”
Žižek não se preocupa com o resultado da quarentena para a contenção do coronavírus, ele não se preocupa em conter o coronavírus, mas sim em favorecer ao máximo o contágio do outro vírus, esse que ele mesmo denomina o vírus ideológico, “diferente e muito mais benéfico”. Ele louva a quarentena justamente pelo seu potencial destrutivo. Seu mundo dos sonhos é Wuhan quarentenada:
“...Uma cidade fantasma, as lojas com a porta aberta e nenhum cliente, somente aqui e ali uma pessoa a pé ou um carro, indivíduos com máscaras brancas [...] fornece a imagem de um mundo não-consumista em paz consigo mesmo.”
No pensamento de Žižek, à custa da destruição dos empregos que permitem a sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de pessoas, ao preço do desmantelamento de sua liberdade e de seu sustento, se atinge um mundo “em paz consigo mesmo”. O comunismo sempre afirmou que seu objetivo é a paz e a emancipação de toda a humanidade. Aí, numa cidade deserta, sem emprego, sem vida, onde cada um é prisioneiro em seu cubículo, sob a supervisão de uma autoridade suprema que nem sequer é o governo do seu próprio país (que por mais ditatorial que seja ainda pelo menos tem um rosto e uma bandeira), mas uma agência global anônima e inatingível, aí está a configuração perfeita da paz e da emancipação comunista.
Mas o paralelo com o nazismo é talvez uma passagem ainda mais chocante do seu livro:
“'Arbeit Macht Frei' é ainda o lema correto, não obstante o péssimo uso que dele fizeram os nazistas.”
Žižek repete aqui o lema colocado na porta do campo de concentração de Auschwitz, a ultracínica, perversa afirmação de que “O trabalho liberta”. Segundo ele, portanto, os nazistas não erraram na substância, erraram apenas no uso que fizeram dessa frase. (Aqueles que ainda não acreditam que o nazismo é simplesmente um desvio de rota da utopia comunista, e não o seu oposto, encontrarão aqui talvez um importante elemento de reflexão.) Segundo esse expoente do marxismo, Arbeit macht frei é o “lema correto” da nova era de solidariedade global que se avizinha em consequência da pandemia, e o que diferencia este novo mundo do campo de Auschwitz é que agora se fará bom uso desta horrível mentira que perverte e humilha dois valores sagrados da humanidade, o trabalho e a liberdade. Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto. Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade. Ocorre-me propor uma definição: o nazista é um comunista que não se deu ao trabalho de enganar as suas vítimas.
“Não é talvez o espírito humano também uma espécie de vírus, que age como parasita no animal humano, o utiliza para se reproduzir, e às vezes ameaça destruí-lo? E se é verdade que o meio do espírito é a linguagem, não seria oportuno considerar que, num plano mais elementar, a linguagem é também alguma coisa mecânica, uma simples questão de regras que devemos aprender e respeitar?”
Sempre sustentei que o controle da linguagem para destruí-la enquanto meio de pensamento, ou meio do espírito como bem diz Žižek, é um dos grandes objetivos do comunismo, para destruir a dimensão espiritual do homem e assim assujeitá-lo completamente. Se o espírito vive na linguagem e se a linguagem não passa de regras a serem aprendida e respeitadas (sim, respeitadas!), isso significa que a linguagem está, como o comportamento social na quarentena, sujeita aos mecanismos de “vigiar e punir”. Já era assim com as regras do politicamente correto. Agora o politicamente correto incorpora o sanitariamente correto, muitas vezes mais poderoso. O sanitariamente correto te agarra, te algema e te ameaça: “Se você disser isso ou aquilo, você coloca em risco toda a sociedade, se você pronunciar a palavra liberdade você é um subversivo que pode levar toda a sua população a morrer – então respeite as regras.” Controlar a linguagem para matar o espírito, eis a essência do comunismo atual, esse comunismo que de repente encontrou no coronavírus um tesouro de opressão.
Também já disse e repito: o verdadeiro inimigo que o comunismo quer abater não é o capitalismo, o inimigo do comunismo é o espírito humano, na sua complexidade e beleza. É o espírito humano que o vírus ideológico de Žižek chegou para destruir.
Uma pergunta surge após a leitura desse programa totalitário cheio de desfaçatez e hipocrisia: deve-se levar Žižek a sério?
Muito a sério. Žižek é provavelmente o escritor marxista mais lido nos últimos trinta anos. Influencia faculdades e círculos intelectuais “progressistas” ao redor do mundo, que por sua vez influenciam a mídia, que influencia os políticos, que tomam decisões muitas vezes inconscientes da raiz ideológica dos conceitos “pragmáticos” pelos quais se deixam guiar. O que diferencia Žižek de muitos de seus pares é que ele enuncia abertamente o que outros escondem nas entrelinhas.
Em suma, Žižek explicita aquilo que vinha sendo preparado há trinta anos, desde a queda do muro de Berlim, quando o comunismo não desapareceu, mas apenas dotou-se de novos instrumentos: o globalismo é o novo caminho do comunismo. O vírus aparece, de fato, como imensa oportunidade para acelerar o projeto globalista. Este já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo. São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a exponencialização de todos eles.
A pretexto da pandemia, o novo comunismo trata de construir um mundo sem nações, sem liberdade, sem espírito, dirigido por uma agência central de "solidariedade" encarregada de vigiar e punir. Um estado de exceção global permanente, transformando o mundo num grande campo de concentração.
Diante disso precisamos lutar pela saúde do corpo e pela saúde do espírito humano, contra o Coronavírus mas também contra o Comunavírus, que tenta aproveitar a oportunidade destrutiva aberta pelo primeiro, um parasita do parasita.


(*) Žižek, Slavoj. Virus. Milão, Ponte Alle Grazie, 2020 (Quinta edição digital.) (A tradução do italiano ao português de todos os textos citados é minha.)
(**) Agamben, Giorgio. “Lo stato d’eccezione provocato da un’emergenza immotivata”. Il Manifesto – Quotidiano Comunista, 26/02/2020.


ARAÚJO, Ernesto. Chegou o comunavírus. Disponível em https://www.metapoliticabrasil.com/post/chegou-o-comunav%C3%ADrus. Acesso em: 23 abr 2020.




 Livros publicados no Brasil por Zizek Slavoj (Boitempo, Zahar, Autêntica, etc.)
·       2019 - A coragem da desesperança: crônicas de um ano em que agimos perigosamente
·       2017 - Acontecimento: uma viagem filosófica através de um conceito
·       2017 - Interrogando o Real
·       2017 - O Sujeito incômodo: o centro ausente da ontologia política
·       2015 - O sofrimento de Deus: inversões do apocalipse
·       2015 - Problema no Paraíso: do fim da história ao fim do capitalismo.
·       2015 - O absoluto frágil: Ou Por que vale a pena lutar pelo legado cristão?
·       2014 - A monstruosidade de Cristo
·       2014 - Violência.
·       2013 - Menos que nada: Hegel e a sombra do materialismo dialético
·       2013 - Alguém disse totalitarismo?
·       2012 - O amor impiedoso: ou sobre a crença
·       2012 - O ano em que sonhamos perigosamente
·       2012 - Vivendo no fim dos tempos
·       2011 - Primeiro como tragédia, depois como farsa
·       2011 - Em defesa das causas perdidas
·       2010 - Como ler Lacan
·       2009 - Lacrimae Rerum: ensaios sobre cinema moderno
·       2008 - A visão em paralaxe
·       2005 - Às portas da revolução: escritos de Lenin de 1917
·       2003 - Bem-vindo ao deserto do Real!
·       1996 - Um mapa da ideologia
·       1991 - O Mais Sublime dos Histéricos




quarta-feira, 15 de abril de 2020


LAPASSADE, Georges & LOURAU, René. Chaves da sociologia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
«Essa dominação vai até a censurar permanentemente as ideias das classes dominadas, ao ponto de impedir que sejam ouvidas, que sejam compreendidas e que se tornem claras. A classe dominante exerce violência cultural permanente sobre as classes dominadas e exploradas e essa é a condição para que seja mantida a dominação» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 83-84).
Faz-se «o emprego do termo "ideologia" na sociologia contemporânea para designar "um sistema de ideias e juízos, explicito e geralmente organizado que serve para descrever, explicar, interpretar ou justificar a situação de um grupo ou de uma coletividade e que, inspirando-se amplamente nos valores, propõe uma orientação precisa à atividade histórica desse grupo ou dessa coletividade"» (GUY ROCHER apud LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 85). Essa definição implica: — Uma função explicativa da ideologia, que tende a provocar, manter ou salvaguardar uma unanimidade do grupo social (essa função é igualmente atuante nos mitos, mas o apelo à racionalidade está ausente nela); — Uma forma sistemática e organizada (tendência ao sincretismo); — Um apelo a valores: a ideologia apoia-se neles e tende a integrá-los num sistema; — Uma função normativa: a ideologia propõe modelos de ação, fornece objetivos e meios. Assim compreendido em seu sentido estritamente sociológico, o termo ideologia não abrange o conjunto da cultura. É um elemento dessa que se manifesta em todos os grupos sociais que constituem uma sociedade global, e assume um porte mais, e assume um porte mais racional que os modelos e valores» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 85-85 ).
«A afirmação de que a "escola é neutra" é já uma ideologia cuja função é precisamente de ocultar sua não-neutralidade, seu vínculo com o conjunto do modo de produção. [...] A escola "significa" que o saber proporciona o poder de participar na direção da sociedade. Ao mesmo tempo, essa instituição valoriza as mensagens que difunde e outras mensagens de que, aliás, consagra a legitimidade. Nesse sentido, a instituição escolar e universitária não é apenas um meio (neutro) para mensagens ou lugar em que as mensagens são comunicadas. É em si mesma uma mensagem, a da hierarquia social, que superdetermina as demais mensagens» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 90).
«A negatividade em atuação nas instituições como no conjunto do sistema econômico é estigmatizada pelo sociólogo com o nome de desvio, e com nome de esquerdismo pelo marxista dogmático. [...] Em todos os casos a instituição torna-se sinônimo de ordem estabelecida, ao passo que o grupo informal encarna a recusa e a anarquia» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 144).
«A negação da cultura dominante é da ideologia socioeconômica dominante pressupõe em primeiro lugar que o contestador se situe em referência à cultura, à ideologia. Dito de outro modo, é preciso ser cultivado e possuir os meios intelectuais que a ideologia oficial fornece graças à ciência e à estética, para poder ofuscar essa herança. As classes sociais excluídas da cultura e do conhecimento por sua situação de exploração não podem revoltar-se contra alguma coisa que não possuam. Pelo contrário, são no mais das vezes ávidas de partilhar o festim cultural, diante do qual os filhos da burguesia constituem a nata. É pois no seio da burguesia, no seio da cultura, e não numa classe e numa ideologia proletárias, que explode o movimento de crítica da cultura» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 91).
«Mas ao invés de permanecer um protesto, uma negação pura ou um ceticismo [...], a crítica se faz construtiva. Ela cria uma alternativa cultural. Já não se trata mais da cultura burguesa ou nada, mas a cultura burguesa ou a cultua underground, a contracultura. [...] Um dos problemas que põe em relevo a contracultura desde que ela se desenvolve, se faz aceitar, institucionalizar, comercializar, é o de sua "recuperação" pela cultura dominante e pela classe social dominante. [...] A cultura oficial, os circuitos de publicação, de imprensa, "dirigem", aos poucos, a novidade. O financeiro apodera-se dela» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 91-92).
«Como cultura, com efeito, não se entende unicamente a estética, o acúmulo de conhecimentos, mas maneiras de viver, costumes, hábitos, relações sociais institucionalizadas, sob forma jurídica ou não» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 91-92).
«O movimento das relações humanas liga-se a certo liberalismo reformista que pretende evitar a revolução social por vias diferentes da repressão aberta, o autoritarismo hierarquizado. Essa corrente é profundamente participacionista» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 122).
«Era preciso, portanto, modernizar a burocracia da empresa, torna-la mais flexível, facilitar as comunicações internas, preparar os quadros para obter novas formas de autoridade e de controle, uma direção mais "democrática". Não se exigia dos psicólogos que preparassem uma revolução» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 122), antes o objetivo primordial era evitá-la, posto que, sempre se soube que «o propósito da empresa privada é o lucro e a tarefa dos dirigentes de empresa é organizar a produção em função desse objetivo fundamental» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 135).
«A ideologia da permanência, da ordem social imutável, difundida por todas as instituições (escola, família, igrejas, etc.) choca-se com a caducidade das ideias, das culturas e das normas» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 137).
«O incognoscível assume um conteúdo concretíssimo: o do não saber dos atores em função de seu lugar na produção e nas relações de classe, mas também e em primeiro lugar em função da existência de uma sociedade de classe, radicalmente contrária à ideia de uma saber social totalmente acessível, até para os mais bem situados» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 153).
«A contra-revolução restabelece as instituições. É nesse movimento e no núcleo dessa contradição que a sociologia encontra seu lugar origem» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 156).
«A ação antiinstitucional é a negação absoluta das instituições que constituem a peculiaridade do modo de produção atual, isso é, das instituições sob a forma que assumem a reprodução e a produção das relações sociais no modo de produção capitalista (forma política ou econômica ou ideológica). A negação absoluta tem por conteúdo a negação da negação simples. Consiste em agir para a elaboração de novas formas sociais (experimentais e ou de lutas), em vez de contenta-se com o negar formas sociais existentes e todas as formas possíveis, num ceticismo liquidador ou niilismo sem conteúdo de classe» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 160).
«A negatividade é a categoria central da diligência dialética e do movimento do real. Até as ideologias, científicas ou não, que se proclamam positivas apelam vez por outra a uma forma atenuada de negatividade, por intermédio do relativismo, ou do ceticismo, ou do psicologismo, ou do irracional» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 161).
«A universidade está ligada ao modo de produção capitalista de maneira radical: mais ainda que os servos que ela forma e a ideologia que ela transmite, pressupõe ela o capitalismo em seu próprio ser. Ora, o primeiro trabalho de uma sociologia da educação, do trabalho, da cidade, é a revelação do vínculo com o modo de produção capitalista. É o que pode fazer o sociólogo caso não seja servo do sistema e do Estado» (LAPASSADE & LOURAU, 1972,p.191).
«O sociólogo do Estado não está inteiramente no mesmo terreno que o sociólogo marxista ou cristão. O sociólogo revolucionário não está ligado do mesmo modo a sua "ciência" que o sociólogo puramente de carreira» (LAPASSADE & LOURAU, 1972, p. 202).


REIMER, Everett. A escola esta morta: alternativas em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
«Diplomas de segundo ciclo e de faculdades serão distribuídos, mas perderão gradualmente seu valor, tanto em termos de quantidade e qualidade de conhecimentos adquiridos, quanto em habilitação profissional e renda real» (REIMER, 1979, p. 19).
«As faculdades, por exemplo, consomem, de longe, os mais elevados subsídios escolares, não somente em termos relativos como também em termos absolutos. Os estudantes diplomados saíram principalmente das classes de alto rendimento» (REIMER, 1979, p. 22).
«A domesticação escolar — emasculação social — atinge tanto as meninas quanto os rapazes, através de um processo muito mais perfeito do que mera seleção de sexos. A escola requer adaptação para a sobrevivência e, assim, molda seus alunos de forma a que se adaptem às regras da sobrevivência» (REIMER, 1979, p. 25).
«As escolas asseguram que os que herdam influência em um mundo subjugado pela tecnologia serão os que usufruirão vantagens desta dominação e, pior ainda, serão os que não estarão em condições de questionar a validade da tecnologia. Não somente os líderes, mas também seus seguidores, são moldados pela escola para fazer o jogo da competição de consumo – primeiro alcançar e depois sobrepujar a média dos demais. Se as regras são justas ou o jogo digno de ser jogado, não vem ao caso» (REIMER, 1979, p. 26).
«Não fosse a escola, e o cuidado das crianças, na família moderna, caberia exclusivamente à mãe. A escola, assim, ajuda a mulher moderna a libertar-se, mas somente ao preço da prisão de seu filho e da forte vinculação que ela e seu marido dedicam a seus empregos, para que possam sustentar a escola. Evidentemente, as mulheres necessitam não só da libertação que a escola oferece, mas de muitas outras. Homens e crianças, todavia, também precisam de sua própria libertação» (REIMER, 1979, p. 33).
«Os ídolos modernos são a ciência e a tecnologia, e seus templos, as instituições que propagam seu culto, lucrando com os resultados» (REIMER, 1979, p. 173).
«As escolas são, obviamente, planejadas para evitar que as crianças aprendam o que realmente as interessa, assim como servem para ensinar-lhes o que devem saber. Daí resulta que a maioria delas aprende a ler mas não aprecia a leitura, aprende seus algarismos e detesta matemática, se tranca nas salas de aula e aprende o que bem entende nos saguões, pátios e lavatórios» (REIMER, 1979, p. 156-157).
Atualmente são quatro as funções primordiais da escola: «a escola em si, como tutora de um número cada vez maior de pessoas, pelas proporções sempre crescentes de seu período de vida, por número cada vez maior de tempo e interesses, está prestes a se juntar aos exércitos, prisões e asilos de loucos, como uma das instituições totais da sociedade. Estritamente falando, instituições totais são aquelas que controlam totalmente a vida de seus membros, e mesmo o exército, prisões e hospícios só o fazem completamente para um determinado número de seus tutelados. [...] Uma segunda função das escolas, mais diretamente em conflito com as finalidades educacionais do que a tutela é a separação dos jovens nas categorias sociais que irão ocupar mais tarde, selecionando-os em uma hierarquia de castas mantendo viva uma elite enquanto priva as massas de seus líderes em potencial. A terceira função da escola é doutrinar ensinando o valor da competição para a obtenção dos prêmios maiores oferecidos pela escola, o valor de ser ensinado — e não de aprender por si mesmo — o que é bom e verdadeiro. Os "o que", "quando", "onde", e "como" da aprendizagem são decididos por outras pessoas, e as crianças aprendem que é bom depender de terceiros que lhes ensinem. Aprendem que o que vale a pena aprender é o que é ensinado, e que se algo é importante alguém deverá ensinar. Aprende o valor da adaptação e da hierarquia. As escolas tanto refletem os valores dominantes quanto mantêm o mundo estratificado fazendo parecer natural e inevitável que as hierarquias sejam inerentemente correlacionadas e que não possam independer uma das outras. Por último, embora declarada como principal função da educação escolar, a aprendizagem cognoscitiva, ocorre somente na proporção dos recursos remanescentes, depois que as outras três funções foram executadas» (REIMER, 1979, p. 36 e ss.).
«As medidas burocráticas, legais e processuais que amalgamaram dezenas de milhares de escolas distritais nominalmente independentes e milhares de ginásios e universidades em um sistema escolar nacional são o resultado lógico de uma filosofia que encara a escola como subserviente aos objetivos nacionais» (REIMER, 1979, p. 79).
«As instituições modernas assumiram a carga de manter e justificar a continuada existência de uma hierarquia de privilégios. Entre essas instituições, a escola representa o principal papel. Cabe a ela iniciar cada geração nos mitos da produção e consumo tecnológicos, na ideia de que o que será consumido deve primeiro ser produzido, e de que o que é produzido deve ser consumido. Não somente os produtos, mas serviços e mesmo os conhecimentos transformam-se em utilidades domésticas. Cabe à escola celebrar os rituais que conciliam mitos e realidades de uma sociedade que apenas tem a pretensão de pertencer a todos. Cabe à escola preparar os homens para suas atividades especializadas em suas instituições especializadas, selecionando-os e moldando-os em termos de aptidão e em termos de valores. Por sua própria estrutura hierárquica, convence os homens a aceitar uma única hierarquia integrada de poder e privilégios» (REIMER, 1979, p. 82).
«Há os que, beneficiando-se das instituições, desejam conscientemente preservá-las. São os proprietários, administradores, líderes políticos e outros detentores do poder, inclusive os cidadãos da classe média dos países desenvolvidos. Muitos dos que controlam o poder, não desejam conscientemente monopolizá-lo, e muitos sobre quem é exercido o poder rendem-se mais à ilusão do que a realidade do poder. Não podem os homens libertar-se sem luta das instituições existentes, nem tampouco terá essa luta qualquer valor se não tiver precedida de imaginação inventiva. O problema maior é que as nações desenvolvidas retêm agora o monopólio efetivo, ainda que não necessariamente deliberado, dos meios da invenção moderna» (REIMER, 1979, p. 93).
«O sistema escolar define educação como sendo escolarização; induzem a aceitação geral da definição pelos que dela necessitam (por exemplo, as pessoas são persuadidas a aceitar a educação como sendo a escola. Impedem que parte da população carente tenha pleno acesso ao produto ou serviço (por exemplo, o acesso a determinados níveis escolares só é permitido a alguns. Apropriam-se dos recursos disponíveis para as necessidades (por exemplo, todas as verbas) de educação são consumidas pela escola» (REIMER, 1979, p. 87-88).
«As escolas são instituições dominantes e não redes de oportunidades. Desenvolvem um produto que é, depois, vendido sob o rótulo de educação aos seus clientes. Concentrando-se nas crianças, recrutam clientes menos exigentes, aos quais se podem oferecer os prêmios produzidos pelas outras instituições. Os pais desejam esses prêmios para seus filhos, ainda mais do que para si mesmos, e podem comprar um futuro róseo ainda mais facilmente do que uma ilusão atual. Vistas à distância, as falácias da competição são menos evidentes. Os estrangeiros poderão ter o que temos se seguirem o rumo que seguimos. Operários alcançarão nosso nível de vida se se educarem para tal fim. Nossos filhos terão as coisas que não tivemos se se prepararem para produzi-las. Essas premissas parecem muito verossímeis, mas quando examinadas em perspectivas são patentemente falsas. Uma competição de consumo só pode levar a um resultado: o perdigueiro que alcança a caça, a matilha que aproveita as sobras e um bando vagabundo que não consegue nada. E esses são os resultados quer em termos de nação, classes, ou pessoas. As escolas toldam essas perspectivas, e ativamente fomentam as ilusões que a contradizem. Preparam as crianças exatamente para entrarem no jogo das competições. Produzem adultos que acreditam terem sido educados e que, de modo algum, estão preparados para continuarem sua educação» (REIMER, 1979, p. 108).
«Atualmente, a propaganda até soa plausível e é amplamente aceita. Os publicitários apresentam produtos específicos destinados a satisfazer carências específicas. Elaboram embalagens que vão ficando cada vez mais luxuosas, com maior exclusividade de acesso, e mais caras. Mais fundamental do que a elaboração do produto, entretanto, é a identificação desse com a necessidade a que se propõe satisfazer. Educação-escola, saúde-hospital, automóvel-transporte são binômios inseparáveis. As pessoas se esquecem que antes das escolas já haviam instruídos, antes dos hospitais, homens saudáveis, e antes dos automóveis e aviões, homens que se locomoviam por si mesmos ou no lombo de animais» (REIMER, 1979, p. 89).
«Toda a teoria da educação se baseia na pressuposição de que os métodos de produção aplicados ao ensino resultarão em ensino. Resultam, isto sim, no ensino de como produzir e consumir – desde que não ocorram mudanças fundamentais. Como um meio de ensinar a adaptação a circunstâncias mutáveis os métodos de produção são ridículos» (REIMER, 1979, p. 68).


WILDE, Oscar. A alma do homem sob o socialismo.  L&PM. Porto Alegre. 2005. 
«A desobediência é, aos olhos qualquer estudioso da história, a virtude original do homem. É através da desobediência que se faz o progresso, através da desobediência e da rebelião. Às vezes elogiam-se os pobres por serem parcimoniosos. Mas recomendar-lhes (p22) parcimônia é tão grotesco quanto insultoso» (WILDE, 2005, p.21-22).
«Um homem pode seguir a lei, e, no entanto ser desprezível. Pode violar a lei, e, no entanto ser justo. Pode ser mau, sem nunca ter feito nada de mau. Pode cometer um pecado contra a sociedade, e, no entanto alcançar por meio desse pecado a verdadeira perfeição» (WILDE, 2005, p. 35).
«Há tantas formas de perfeição quanto existem homens imperfeitos» (WILDE, 2005, p. 37).
 «A democracia, por sua vez, despertara grandes esperanças; mas descobriu-se que ela significa simplesmente o esmagamento do povo, pelo povo e para o povo. Devo dizer que essa descoberta não veio sem tempo, pois toda autoridade é degradante. Degrada aqueles que a exercem, como aqueles sobre quem é exercida. Quando usada de forma violenta, brutal e cruel, dá bom resultado, porque gera ou, de algum modo, faz aflorar o espírito de revolta e o Individualismo que lhe deve dar fim» (WILDE, 2005, p. 38).
«A Arte desaparece por completo, torna-se estereotipada, ou degenera em forma inferior e desprezível de artesanato. Uma obra de arte é o resultado singular de um temperamento singular. Sua beleza provém de ser o autor o que é, e nada tem a ver com as outras pessoas quererem o que querem. Com efeito, no momento em que o artista descobre o que estas pessoas querem e procura atender a demanda, ele deixa de ser um artista e torna-se um artesão maçante ou divertido, um negociante honesto ou desonesto» (WILDE, 2005, p.45).
«[...] Um verdadeiro artista não dá atenção ao público» (WILDE, 2005, p. 66).
«Foi um dia fatal aquele em que o público descobriu que a pena é mais poderosa que as pedras da rua, e que seu uso pode tornar-se tão agressivo quanto o apedrejamento. Procurou imediatamente pelo jornalista, o encontrou e aperfeiçoou, e fez dele seu servo diligente e bem pago. É de lamentar por ambos. Atrás das barricadas, muito pode haver de nobre e heroico. Mas o que há por trás de um artigo de fundo senão preconceito, estupidez, hipocrisia e disparates. E esses quatro elementos, quando reunidos, adquirem uma força assustadora e constituem a nova autoridade» (WILDE, 2005, p.57).
«Passarão as condições, e a natureza humana se transformará. O que sabemos dela é apenas que se transforma. Transformação vem a ser a única qualidade que lhe podemos atribuir. Os sistemas que fracassaram são aqueles que se fiam na continuidade invariada da natureza, e não em seu crescimento e aperfeiçoamento» (WILDE. 2005. p.73).
«Ou então é costume chamar egoísta a um homem cuja maneira de viver lhe pareça a mais adequada para a expressão plena de sua individualidade; em verdade um homem cujo objetivo primordial na vida seja o aperfeiçoamento de si mesmo. Mas esta é a maneira como todos deveriam viver. Egoísmo não significa viver como se deseja, mas sim pedir aos outros que vivam como se deseja. [...] Não é egoísmo pensar por si mesmo. Um homem que não pensa por si mesmo, simplesmente não pensa»(WILDE. 2005. p.75).
OSCAR FINGAL  O’FLAHERTIE WILLS WILDE  [16/10/1854 – 30/11/1900].


ILLICH, Ivan. Sociedade sem escolas. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1977.

«Se o  melhor fruto do trabalho humano foi a educação que dele provém e a oportunidade que dá ao homem de iniciar a educação de outros, então a alienação da sociedade moderna no sentido pedagógico é ainda  pior  que  sua alienação econômica» (ILLICH, 1977, p. 53).
«Aprender significa adquirir nova habilidade ou compreensão, enquanto que a promoção depende da opinião formada de outros [...] assim ao invés de igualar as oportunidades, o sistema escolar monopolizou sua distribuição» (ILLICH, 1977, p. 36).
«Os estudantes consideram seus estudos como investimento que lhes trará as melhores vantagens financeiras, e os países consideram o estudo como fator básico de desenvolvimento» (ILLICH, 1977, p. 72)
«O sistema escolar de hoje desempenha a tríplice função, própria das poderosas igrejas no decorrer da História. É simultaneamente o repositório do mito da sociedade; a institucionalização das contradições desse mito e o lugar do rito que reproduz e envolve as disparidades entre mito e realidade» (ILLICH, 1977, p. 74).
«Há uma escola  para o desenvolvimento das nações, outra para a inteligência dos bebês; até mesmo o progresso em prol  da paz pode ser calculado pelo número de mortos. Num mundo escolarizado o caminho da felicidade está pavimentado com o índice de consumo» (ILLICH, 1977, p. 78).
«Agora os jovens são pré-alienados pelas escolas que os isolam, enquanto pretendem ser produtores e consumidores de seus próprios conhecimentos, concebidos como mercadorias que a escola coloca no mercado. A escola faz da alienação uma preparação para a vida, separando educação da realidade e trabalho de criatividade. A escola prepara para a institucionalização alienante da vida ensinando a necessidade de ser ensinado. Aprendida esta lição, as pessoas perdem o incentivo de crescer com a independência; já não encontram atrativos nos assuntos em discussão; fecham-se às surpresas da vida quando estas não são pré-determinadas por definição institucional»  (ILLICH, 1977, p. 86/87)
«Todo sistema escolar – quer esteja sediado em um país fascista, democrata ou socialista, pequeno ou grande, rico ou pobre – em qualquer lugar  do mundo o currículo da escolarização tem por objetivo  ‘iniciar o cidadão no mito de que as burocracias guiadas pelo conhecimento científico são eficientes e benévolas’» (ILLICH, 1977, p. 126).
«A escola transformou-se no processo planejado que prepara o homem para um mundo planejado – o principal instrumento de capturar o homem em sua própria armadilha. Pretende modelar cada homem a um determinado padrão para que faça sua parte no jogo mundial. Inexoravelmente cultivamos, tratamos, produzimos e escolarizamos o mundo ate´ acabar com ele» (ILLICH, 1977, p. 176).
«A escola é a agência publicitária que nos faz crer que precisamos da sociedade tal qual ela é» (ILLICH, 1977, p. 180).