domingo, 12 de julho de 2015

MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1989.

MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1989.

«A escola de gramática e de retórica era, afinal. A escola das classes privilegiadas. Juvenal confirma que a eloquência era algo raro entre esfarrapados (rara in tenui fecundia panno – VII, 45). Exatamente por causa dessa característica de ser uma escola das classes dominantes, ela tornou-se de interesse público e conseguiu o apoio direto do poder político, que primeiramente faz concessões particulares, em seguida provê os salários dos mestres e, enfim, assume também a função de escolas. Da Grécia, em suma, veio não somente a escola, mas também o evergetismo, inicialmente privado e depois de Estado» (MANACORDA, 1989, p. 97).
Em que pese o fato de que, em 1792, segundo Manacorda (1989) «Condorcet sustentava a necessidade de uma instrução para todo o povo, aos cuidados do Estado e inspirada num laicismo absoluto: uma instrução, enfim, “única, gratuita e neutra”» (1989, p. 251). No entanto ele também advertia os bons proprietários de sua época para o fato de que «[...] a Constituição não pode permitir na instrução pública um ensinamento que, afastando os filhos de uma parte dos cidadãos, destruiria a igualdade das vantagens sociais» (apud MANACORDA, 1989, p. 252).
«Uma das manias que podemos considerar dominante em nossos dias na Europa é aquela de querer difundir as luzes sobre todas as classes da sociedade. [...] Faz-se necessário, portanto, que se prescrevam limites à comunicação das luzes na sociedade, porque a ignorância parece reivindicar com autoridade o seu império. É conveniente, portanto, não ocupar-se a instrução da instrução científica daquelas classes da população, condenadas pela indigência a um trabalho mecânico e diuturno. Para elas basta que sejam imbuídas de uma moral pura e santa. O que seria realmente vergonhoso é descuidar da educação da classe nobre, confortada e rica» (Da Educação, p. 205 e 207 apud MANACORDA, 1989, p. 276).
«Os livros fizeram da educação aquilo que nunca tinha sido antes: uma arte ensinada [...] Esse considerar a educação como uma arte que existe de per si e que precisa de métodos para sustentar-se não é antigo no mundo; mas foi ideia dos jesuítas» (CAPPONI apud MANACORDA, 1989, p. 279).
Robert Owen (1771-1858) foi quem, em 1818, ao lado de sua fábrica têxtil de New Lanark, na Escócia, abriu para os filhos de seus operários, «o Instituto para a ‘Formação do caráter juvenil’ que previa classes infantis. Esse instituto é considerado o início da escola moderna da infância, a Infant’s school» (MANACORDA, 1989, p. 280-281).
Pio IX, cujo papado foi de 1846 a 1878, brada contra a educação por propagar «doutrinas pestilenciais, a confusão de erros, a desenfreada liberdade de pensar, de falar, de escrever [condena] os perversos ensinamentos especialmente de filosofia, que enganam e corrompem deploravelmente a juventude, ministrando-lhe fel de dragão no cálice de Babilônia» (PIO IX, Qui plurabis, 1846, p. 266 apud MANACORDA, 1989, p. 272).
«A escola é o instrumento essencial e mais eficaz de progresso e de reforma social. O professor é empenhado não somente na formação dos indivíduos, mas na formação da justa vida social» (DEWEY, 1897 apud MANACORDA, 1989, p. 316).
Em A educação e a ordem social, Bertrand Russel denuncia que, «a educação faz parte da luta para o poder entre religiões, classes e nações, e que, exceto na Rússia, ela é sempre direcionada a favorecer os interesses dos ricos e, em qualquer lugar, ensina uma exclusiva fidelidade ao próprio Estado» (apud MANACORDA, 1989, p. 321).
«São as "especializações", ou melhor, o "fazer", não o fazer guerreiro das antigas classes dominantes, mas o fazer produtivo que não é o camponês ou artesanal, mas a capacidade tecnológica de domínio da natureza, que é um problema insuperável da pedagogia moderna» (MANACORDA, 1989, p. 340).
E como denuncia uma black-music escrita por descendentes de indivíduos sequestrados em África e escravizados no ético Novo Mundo Luterano-Calvinista «Vós construís vossas prisões, vossas escolas, e nos dais uma educação para lavagem cerebral» (MANACORDA, 1989, p. 345), caracterizando assim a educação como mais uma forma de opressão
A ONU no inciso 2, do artigo 26 de sua Declaração, sanciona: «a educação deve ser orientada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e para o fortalecimento do respeito dos direitos do homem e das liberdades fundamentais. Ela deve promover a compreensão, a tolerância, a amizade entre todas as Nações, os grupos raciais e religiosos, e deve favorecer a obra das Nações unidas para a manutenção da paz» (MANACORDA, 1989, p. 354).
«Observe-se que o aprendizado na empresa visa "qualificar o trabalhador para a própria empresa". Até aqui estamos no âmbito puramente operário» (MANACORDA, 1989, p. 343).

«O grande Einstein, que considerava a guerra algo de ignóbil e desprezível, denunciava o fato de que: "o bom senso dos povos e sistematicamente corrompido pelos especuladores do mundo político e do mundo econômico, os quais, para isso, se servem da escola e da imprensa"» (MANACORDA, 1989, p. 355).

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