MANACORDA, Mario Alighiero. História
da educação: da antiguidade aos nossos dias. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 1989.
«A escola de
gramática e de retórica era, afinal. A escola das classes privilegiadas.
Juvenal confirma que a eloquência era algo raro entre esfarrapados (rara in tenui fecundia panno – VII, 45).
Exatamente por causa dessa característica de ser uma escola das classes
dominantes, ela tornou-se de interesse público e conseguiu o apoio direto do
poder político, que primeiramente faz concessões particulares, em seguida provê
os salários dos mestres e, enfim, assume também a função de escolas. Da Grécia,
em suma, veio não somente a escola, mas também o evergetismo, inicialmente
privado e depois de Estado» (MANACORDA, 1989, p. 97).
Em que pese o fato
de que, em 1792, segundo Manacorda (1989) «Condorcet sustentava a necessidade
de uma instrução para todo o povo, aos cuidados do Estado e inspirada num
laicismo absoluto: uma instrução, enfim, “única, gratuita e neutra”» (1989, p.
251). No entanto ele também advertia os bons proprietários de sua época para o
fato de que «[...] a Constituição não pode permitir na instrução pública um
ensinamento que, afastando os filhos de uma parte dos cidadãos, destruiria a
igualdade das vantagens sociais» (apud MANACORDA, 1989, p. 252).
«Uma das manias que
podemos considerar dominante em nossos dias na Europa é aquela de querer
difundir as luzes sobre todas as classes da sociedade. [...] Faz-se necessário,
portanto, que se prescrevam limites à comunicação das luzes na sociedade,
porque a ignorância parece reivindicar com autoridade o seu império. É
conveniente, portanto, não ocupar-se a instrução da instrução científica
daquelas classes da população, condenadas pela indigência a um trabalho
mecânico e diuturno. Para elas basta que sejam imbuídas de uma moral pura e
santa. O que seria realmente vergonhoso é descuidar da educação da classe
nobre, confortada e rica» (Da Educação,
p. 205 e 207 apud MANACORDA, 1989, p. 276).
«Os livros fizeram
da educação aquilo que nunca tinha sido antes: uma arte ensinada [...] Esse
considerar a educação como uma arte que existe de per si e que precisa de métodos para sustentar-se não é antigo no
mundo; mas foi ideia dos jesuítas» (CAPPONI apud MANACORDA, 1989, p. 279).
Robert Owen
(1771-1858) foi quem, em 1818, ao lado de sua fábrica têxtil de New Lanark, na
Escócia, abriu para os filhos de seus operários, «o Instituto para a ‘Formação do caráter juvenil’ que previa classes
infantis. Esse instituto é considerado o início da escola moderna da infância,
a Infant’s school» (MANACORDA, 1989,
p. 280-281).
Pio IX, cujo papado
foi de 1846 a 1878, brada contra a educação por propagar «doutrinas
pestilenciais, a confusão de erros, a desenfreada liberdade de pensar, de
falar, de escrever [condena] os perversos ensinamentos especialmente de
filosofia, que enganam e corrompem deploravelmente a juventude, ministrando-lhe
fel de dragão no cálice de Babilônia» (PIO IX, Qui plurabis, 1846, p. 266 apud MANACORDA, 1989, p. 272).
«A escola é o
instrumento essencial e mais eficaz de progresso e de reforma social. O
professor é empenhado não somente na formação dos indivíduos, mas na formação
da justa vida social» (DEWEY, 1897 apud MANACORDA, 1989, p. 316).
Em A educação e a ordem social, Bertrand
Russel denuncia que, «a educação faz parte da luta para o poder entre
religiões, classes e nações, e que, exceto na Rússia, ela é sempre direcionada
a favorecer os interesses dos ricos e, em qualquer lugar, ensina uma exclusiva
fidelidade ao próprio Estado» (apud MANACORDA, 1989, p. 321).
«São as "especializações",
ou melhor, o "fazer", não o fazer guerreiro das antigas classes
dominantes, mas o fazer produtivo que não é o camponês ou artesanal, mas a
capacidade tecnológica de domínio da natureza, que é um problema insuperável da
pedagogia moderna» (MANACORDA, 1989, p. 340).
E como denuncia uma black-music escrita por descendentes de indivíduos sequestrados em África
e escravizados no ético Novo Mundo Luterano-Calvinista «Vós construís vossas
prisões, vossas escolas, e nos dais uma educação para lavagem cerebral»
(MANACORDA, 1989, p. 345), caracterizando assim a educação como mais uma forma
de opressão
A ONU no inciso 2,
do artigo 26 de sua Declaração, sanciona: «a educação deve ser orientada para o
pleno desenvolvimento da personalidade humana e para o fortalecimento do
respeito dos direitos do homem e das liberdades fundamentais. Ela deve promover
a compreensão, a tolerância, a amizade entre todas as Nações, os grupos raciais
e religiosos, e deve favorecer a obra das Nações unidas para a manutenção da
paz» (MANACORDA, 1989, p. 354).
«Observe-se que o
aprendizado na empresa visa "qualificar o trabalhador para a própria
empresa". Até aqui estamos no âmbito puramente operário» (MANACORDA, 1989,
p. 343).
«O grande Einstein,
que considerava a guerra algo de ignóbil e desprezível, denunciava o fato de
que: "o bom senso dos povos e sistematicamente corrompido pelos
especuladores do mundo político e do mundo econômico, os quais, para isso, se
servem da escola e da imprensa"» (MANACORDA, 1989, p. 355).
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