Do altruísmo e egoísmo
ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Nova
Cultural, 2000. 315p.
«O egoísmo é condenado, como convém; ser egoísta,
porém, não significa simplesmente amar a si mesmo, mas sim amar a si mesmo em
excesso» (ARISTÓTELES, 2000, p. 177).
DAWKINS, Richard. O gene egoísta.
Rio de Janeiro: Itatiaia, 2001, 230p.
«Uma entidade [...] é dita
altruísta se ela se comporta de maneira a aumentar o bem-estar de outra
entidade semelhante, às suas próprias custas» (DAWKINS, 2001, p. 24).
«Verifica-se frequentemente
que atos de aparente altruísmo na realidade são egoísmo disfarçado» (DAWKINS,
2001, p. 24).
FROMM, Erich. Análise
do homem. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1963.
«‘Não seja egoísta’ transforma-se em uma das mais
poderosas ferramentas ideológicas para suprimir a espontaneidade e o livre
desenvolvimento da personalidade. Sob a pressão desse slogan, pede-se à
gente todo sacrifício e submissão completa: somente são ‘desinteressados’ os
atos que não atendem ao indivíduo, mas a alguém ou algo a ele estranho» (FROMM, 1963, p. 118).
«A falência da cultura moderna
não está no princípio do individualismo, nem na ideia de que virtude moral é a
mesma coisa que satisfação do interesse próprio; porém na deterioração do
significado de interesse próprio. Hodiernamente o indivíduo não se preocupa com
seu eu real e não tem amor a si próprio»
(FROMM, 1963, p. 128).
KANT, Immanuel.
Crítica da razão prática. São Paulo: Martin
Claret, 2005, 182p.
«A união de todas as
inclinações (que podem também ser integradas em um sistema, e cuja satisfação
se denomina felicidade pessoal) constituem o egoísmo [Selbstsucht]
(solipsismus). O egoísmo é ou o amor de si [Selbstliebe], a benevolência
[Wohlwollen] acima de tudo para consigo mesmo (philautia), ou a complacência [Wohlgefallen] de si próprio
(arrogantia). O primeiro denominamos particularmente amor-próprio [Eigenliebe],
e a outra, presunção [Eigendünkel]. A razão pura prática causa unicamente dano ao amor-próprio, por impor-lhe
limites estritamente justos e que correspondem à lei moral; estando, ainda
antes de esta manifestar-se, natural e vivo em nós; então, é chamado de amor
de si racional»
(KANT, 2005,
p. 83).
ZIZEK,
Slavoj. Em defesa das causas perdidas. São Paulo: Boitempo, 2011. Tradução:
Maria Beatriz de Medina.
«Rousseau
já havia observado que o egoísmo, ou a preocupação com o próprio bem estar, não
se opõe ao bem comum, já que é possível deduzir facilmente normas altruístas a
partir de preocupações egoístas» (ZIZEK, 2011, p. 345).
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Vontade de potência. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. 330p.
«Que é o altruísmo cristão senão o egoísmo coletivo
dos fracos que descobre que, se todos velarem uns pelos outros, cada um será
conservado por maior tempo?»
(NIETZSCHE. S/d. p. 155).
«Toda ação perfeita é precisamente inconsciente e
não desejada; a consciência expressa estado pessoal imperfeito e ordinariamente
doentio. A perfeição individual condicionada pela vontade sob a forma de
consciência, de razão, com a dialética, é caricatura, espécie de contradição de
si mesma... O grau de consciência torna a perfeição impossível... Uma das
formas do charlatanismo»
(NIETZSCHE. S/d. p. 160).
«O egoísmo é a intensificação do eu, o
altruísmo a intensificação do não-eu» (NIETZSCHE,
S/d, p. 175).
ROMMEN, Heinrich A. O Estado no pensamento católico:
tratado de filosofia política. São Paulo: Edições Paulinas, 1967, 699p.
«As verdadeiras comunidades de vida
(a família, a Igreja, o Estado) não existem pela forma legal, elas vivem e são
nutridas pela força do amor, pela fé, fidelidade, piedade, obediência, graça.
São ameaçadas pela oposição dos vícios de egoísmo, perfídia, ambição do poder,
revolta, amor próprio, infidelidade, traição da confiança mútua» (ROMMEN, 1967,
p. 273).
WILDE, Oscar. A alma do homem sob o socialismo.
L&PM. Porto Alegre. 2005.
92p.
«Ou então é costume chamar egoísta a um homem cuja
maneira de viver lhe pareça a mais adequada para a expressão plena de sua individualidade;
em verdade um homem cujo objetivo primordial na vida seja o aperfeiçoamento de
si mesmo. Mas esta é a maneira como todos deveriam viver. Egoísmo não significa
viver como se deseja, mas sim pedir aos outros que vivam como se deseja. […] Não
é egoísmo pensar por si mesmo. Um homem que não pensa por si mesmo,
simplesmente não pensa»
(WILDE. 2005. p.75).
STIRNER,
Max. Algumas observações
provisórias a respeito do estado fundado no amor. In: Textos dispersos. Lisboa: Via, 1979.
«Costuma-se opor o egoísmo ao amor
porque está na natureza do egoísta o agir sem contemplações e sem piedade para
com os outros. Se postularmos que o valor do homem estaria em ser determinado
por si mesmo e em não se deixar determinar por uma coisa ou uma pessoa alheias,
sendo antes o seu próprio criador, englobando assim, num só, o criador e a
criatura, é indubitável que o egoísta é o que está mais afastado da finalidade
cristã» (STIRNER, 1979, p. 119).
STIRNER, Max. O
único e a sua propriedade. Lisboa: Portugal. Antígona, 2004, 339p.
«A minha causa é a causa de nada. Há tanta coisa a
querer ser a minha causa! A começar pela boa causa, depois a causa de Deus, a
causa da humanidade, da verdade, da liberdade, do humanitarismo, da justiça;
para além disso, a causa do meu povo, do meu príncipe, da minha pátria, e
finalmente até a causa do espírito e milhares de outras. A única coisa que não
está prevista é que a minha causa seja a causa de mim mesmo! ‘Que
vergonha, a deste egoísmo que só pensa em si!’»(STIRNER,
2004, p. 9).
«É certo que de modo nenhum se pode viver tranquilo
entre os maus, porque nunca estamos seguros da nossa vida; mas será que a vida
entre os homens morais é mais fácil? Também aí a nossa vida não está segura, a
diferença é que somos enforcados ‘por via legal’; e o que está ainda menos
seguro é a honra, e a cocarda nacional desaparece num abrir e fechar de olhos.
O punho brutal da moralidade trata de forma implacável a nobre essência do
egoísmo» (STIRNER, 2004, p. 50).
«Será a esfera dos sentidos a totalidade da minha singularidade própria?
Estarei eu no pleno controle das minhas faculdades quando me entrego aos
sentidos? Obedeço a mim próprio, à minha determinação própria quando os
sigo? Eu sou eu próprio apenas quando não estou sob o poder dos
sentidos, nem de outros instâncias (Deus, homens, autoridades, lei, Estado,
Igreja, etc.), mas sob o meu próprio: o meu egoísmo persegue
aquilo que me serve a mim, a este indivíduo que é senhor de si (Selbsteigener)
e que a si pertence (Selbstangehöriger)»
(STIRNER, 2004, p. 137).
«Egoísmo e humanidade (humanitarismo) deveriam
significar a mesma coisa, mas, segundo Feuerbach, o homem isolado (o
‘individuo’) ‘apenas pode elevar-se acima das barreiras da sua individualidade,
mas não acima das leis, das determinações positivas da essência de sua espécie’. Mas a espécie
não é nada, e quando o indivíduo se eleva acima das barreiras da sua
individualidade, fá-lo precisamente
enquanto ele próprio, como indivíduo, e só na medida em que se eleva, em que não continua a ser aquilo que é; de outro modo estaria acabado, morto. O homem é apenas um ideal, a espécie um
produto do pensamento. Ser um homem não significa preencher o ideal do homem, mas manifestar-se a si próprio, como indivíduo» (STIRNER, 2004, p. 146).
«Também amo os homens, e não apenas alguns, mas cada um. Mas amo-os com a
consciência do egoísmo; amo-os porque o amor me faz feliz, amo porque amar é a
minha condição natural, porque me agrada. Mas não conheço um’mandamento do
amor’. Tenho sim-patia para com todos os seres sensíveis, e a sua dor dói-me, o
seu alívio alivia-me a mim também; posso matá-los, mas não martirizá-los» (STIRNER, 2004, p. 229).
«O adestramento sempre esteve na ordem do dia, o
“formar” os homens para serem seres morais,
racionais, devotos, humanos, etc. Esses esforços fracassam devido à indomável
singularidade do eu, à natureza própria de cada um, ao egoísmo» (STIRNER, 2004, p. 260).
ROUSSEAU. Jean-Jacques. Emílio. Vol II. Portugal: Editor Francisco Lyon de Castro.
Publicações Europa-América Ltda. 1990. 327p. Tradução de Pilar
Delvaulx.
«A
origem das nossas paixões, a origem e o princípio de todas as outras, a única
que nasce com o homem e que o acompanha durante toda a sua vida, é o amor por
si mesmo: paixão primitiva, inata, anterior a qualquer outra e de que – num
determinado sentido – as outras apenas constituem modificações. Neste contexto
podemos dizer que todas elas são naturais. O amor por si
próprio é sempre aconselhável, sempre em conformidade com a ordem. Como cada um
está especialmente encarregado da sua própria conservação; o princípio é o mais
importante dos seus cuidados é, e deve ser, velar incessantemente por ela: e
como o poderia fazer, se por ela ele não experimentasse o maior interesse? O
primeiro sentimento de uma criança é o amor por si própria» (ROUSSEAU, 1990, p. 9. Volume IV).
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