Psicologia pedagógica - VIGOTSKI
“O trabalho na acepção humana da palavra, ou seja, a intervenção planejada e racional do homem nos processos naturais com o fim de reagir e controlar os processos vitais entre homem e natureza” (VIGOTSKI, 2001, p. 43).
“Vimos que o único educador capaz de formar novas reações no organismo é a sua própria experiência. Só aquela relação que ele adquiriu na experiência pessoal permanece efetiva para ele. É por isso que a experiência pessoal do educando se torna a base principal do trabalho pedagógico. Em termos rigorosos, do ponto de vista científico não se pode educar o outro [...] é possível apenas a própria pessoa educar-se, ou seja, modificar as suas reações inatas através da própria experiência” (VIGOTSKI, 2001, p. 63).
“A educação deve ser organizada de tal forma que não se eduque o aluno, mas o próprio aluno se eduque” (VIGOTSKI, 2001, p. 64).
“Educação só pode ser definida como ação planejada, racional, premeditada e consciente e como intervenção nos processos de crescimento natural do organismo” (VIGOTSKI, 2001, p. 77).
“A educação faz a seleção social da individualidade necessária. Através da seleção, ela faz do homem como biótipo o homem como sociótipo” (VIGOTSKI, 2001, p. 78).
“O instinto é o mais poderoso impulso e estímulo à atividade [...] como um motor, o instinto pode pôr em curso as reações mais diversas” (VIGOTSKI, 2001, p. 92-93).
“Toda a força da criação humana, o mais elevado florescimento do gênio são possíveis não no solo estiolado e exangue da esterilização dos instintos, mas na base do seu mais alto florescimento e na pujante intensificação de suas potencialidades” (VIGOTSKI, 2001, p. 93).
“A fuga para a neurose é a única saída para as tendências não resolvidas e os instintos não utilizados” (VIGOTSKI, 2001, p. 95).
“Dá-se o nome de sublimação a transformação dos tipos inferiores de energia em superiores através do deslocamento para o subconsciente. Assim, do ponto de vista psicológico existe um dilema para a educação dos instintos: ou a neurose ou a sublimação, isto é, ou o eterno conflito das tendências não satisfeitas com o nosso comportamento ou a transformação de tendências inconciliáveis em formas de atividade superiores e complexas” (VIGOTSKI, 2001, p. 96).
“A pedagogia dos instintos acaba sugerindo outro princípio: não o da superação dos instintos, mas o uso da sua máxima aplicação no processo de educação. É desse ponto de vista que cabe falar da construção de todo o sistema de educação com base nos instintos da criança de hoje” (VIGOTSKI, 2001, p. 109).
“A lei básica da psicologia consiste na transformação de um instinto em outro, na transformação de qualquer atividade de meio em fim em si mesmo [...] a regra pedagógica básica da educação dos instintos exige não a simples neutralização, mas a aplicação desses instintos, não a sua superação, mas sua transformação em modalidades mais complexas de atividade” (VIGOTSKI, 2001, p.110-111).
“Nenhuma pregação moral educa tanto quanto uma dor viva, um sentimento vivo, e neste sentido o aparelho das emoções é uma espécie de instrumento especialmente adaptado e delicado através do qual é mais fácil influenciar o comportamento” (VIGOTSKI, 2001, p.143).
“Nenhuma educação é exequível de outra forma senão através das inclinações naturais da criança; em todas as suas aspirações ela parte do fato de que toma como ponto de partida precisamente as inclinações [...] toda aprendizagem só é possível na medida em que se baseia no próprio interesse da criança” (VIGOTSKI, 2001, p.162-163).
“Dessa forma o pleno ato volitivo deve ser interpretado como um sistema de comportamento que surge com base nas atrações instintivas e emocionais do organismo e é inteiramente predeterminado por elas. O próprio surgimento desta ou daquela vontade ou desejo na consciência sempre tem como causa essa ou aquela mudança no organismo” (VIGOTSKI, 2001, p. 229).
“O pensamento não é outra coisa senão a participação de toda a nossa experiência anterior na solução de uma tarefa corrente, e a peculiaridade dessa forma de comportamento consiste inteiramente no fato de que ela introduz o elemento criador no comportamento ao criar todas as combinações possíveis de elementos em uma experiência prévia como é, em essência, o pensamento” (VIGOTSKI, 2001, p. 238).
“Organizam-se as bibliotecas infantis com a finalidade de que as crianças tirem dos livros exemplos morais ilustrativos e lições edificantes, a enfadonha moral da rotina e os sermões falsamente edificantes se tornaram uma espécie de estilo obrigatório de uma falsa literatura infantil [...] além dos limites da moral a literatura infantil costuma limitar-se a uma poesia de asneiras e futilidades como se fosse a única acessível à compreensão infantil” (VIGOTSKI, 2001, p. 324).
“Respondendo a perguntas sobre as vontades e sentimentos despertados pela leitura desse livro [A cabana de Pai Tomás] vários alunos de escolas americanas responderam que o que mais lamentavam era que o tempo da escravidão houvesse passado e naquele momento não existissem mais escravos na América. [...] a possibilidade de tal conclusão radica na própria natureza das vivências estéticas das crianças e, de antemão, nunca podemos estar certos do tipo de efeito moral que esse ou aquele livro irá exercer” (VIGOTSKI, 2001, p. 325).
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