“A revolta é o ato do homem informado, que tem consciência de seus direitos” (CAMUS, 2005, p. 33).
“É por isso que o ateísmo e o espírito revolucionário são apenas as duas faces de um mesmo movimento de liberação. Essa é a resposta à pergunta sempre formulada: por que o movimento revolucionário se identificou com o materialismo em vez de se identificar com o idealismo? Porque subjugar Deus, fazer dele um escravo, é o mesmo que destruir a transcendência que mantinha o poder dos antigos senhores, preparando, com a ascensão dos novos, os tempos do homem-rei” (CAMUS, 2005, p. 175).
“O individuo não pode aceitar a história tal como ela ocorre. Ele deve destruir a realidade para afirmar o que ele é, não para colaborar com ela” (CAMUS, 2005, p. 182).
“(...) a verdadeira revolta é criadora de valores” (CAMUS, 2005, p. 203).
“Um décimo da humanidade terá direito à personalidade e exercerá a autoridade ilimitada sobre os outros nove décimos. Estes perderão a sua personalidade, tornando-se uma espécie de rebanho, restritos à obediência passiva, sendo reconduzidos à inocência primeira, por assim dizer, ao paraíso primitivo, onde, de resto, deverão trabalhar” (CAMUS, 2005, p. 206-207).
“O Estado identifica-se com o ‘aparelho’, isto é, com o conjunto de mecanismos de conquista e repreensão. A conquista dirigida para o interior do país chama-se propaganda ou repressão. Dirigida para o exterior cria o Exército” (CAMUS, 2005, p. 213).
“Aos escravos, àqueles cujo presente é miserável e que não têm nenhum consolo no céu, assegura-se que o futuro, pelo menos, é deles. O futuro é a única espécie de propriedade que os senhores concedem de bom grado aos escravos” (CAMUS, 2005, p. 226).
“Se não há natureza humana, a maleabilidade do homem, na verdade, é infinita” (CAMUS, 2005, p. 273).
“Santo Inácio em Exercícios Espirituais: ‘Para nunca nos perdermos, devemos sempre estar preparados para acreditar que é preto aquilo que vejo como branco, se a Igreja hierárquica assim o define’” (CAMUS, 2005, p. 279).
“A lógica do revoltado é querer servir a justiça a fim de não aumentar a injustiça da condição humana, esforçar-se no sentido de uma linguagem clara para não aumentar a mentira universal e apostar, diante do sofrimento humano, na felicidade” (CAMUS, 2005, p. 327).
“Matar a liberdade para que reine a justiça é o mesmo que reabilitar a noção de graça sem a intercessão divina, restaurando, com uma reação vertiginosa, o corpo místico em seus elementos mais baixos” (CAMUS, 2005, p. 234).
“O verdadeiro domínio consiste em criar justiça a partir dos preconceitos da época (...) pretendo que o homem liberado da desmedida seja reduzido a um saber estéril” (CAMUS, 2005, p. 344).
“O escravo, na verdade, não está ligado a sua condição, ele quer mudá-la. Ele pode portanto educar-se, ao contrário do senhor; o que se denomina história não é mais que a seqüência de seus longos esforços para obter a liberdade real. (...) A história identifica-se, portanto, com a história do trabalhado e da revolta. Não é de admirar que o marxismo-leninismo-[stalinismo] tenha tirado dessa dialética o ideal contemporâneo do soldado-operário” (CAMUS, 2005, p. 169-170).
CAMUS, Albert. O homem revoltado. 6. ed, Rio de Janeiro: Record, 2005. 351p.
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