sexta-feira, 20 de maio de 2011

Raoul Vaneigem - A arte de viver para a geração nova

A arte de viver para a geração nova
(Raoul Vaneigem)


“Nada queremos de um mundo no qual a garantia de não morrer de fome se troca contra o risco de se morrer de tédio” (VANEIGEM, 1974, p. 6).
“Aqueles que falam de revolução e de luta de classes sem se referirem explicitamente á vida quotidiana, sem compreenderem o que há de subversivo no amor e de positivo na recusa das coações, esses têm na boca um cadáver” (VANEIGEM, 1974, p. 17).
“O sentimento de humilhação nada mais é que o sentimento de ser objeto” (VANEIGEM, 1974, p. 27).
“Um gesto de liberdade, por fraco e desajeitado que seja sempre contém uma comunicação autêntica, uma mensagem pessoal adequada” (VANEIGEM, 1974, p. 36).
“Na terra de ninguém das relações neutras estende o seu território entre a aceitação hipócrita das falsas coletividades e a recusa global da sociedade. É a moral de merceeiro em frases como ‘é preciso ajudar-nos uns aos outros’, ‘em todo lado há pessoas honestas’, ‘nem tudo é tão mau, nem tudo é tão bom, o que é preciso é escolher’: é a boa educação, a arte pela arte do equívoco” (VANEIGEM, 1974, p. 37).
“Ao mesmo tempo em que punha na ordem do dia a felicidade e a liberdade, a civilização técnica inventava a ideologia da felicidade e da liberdade” (VANEIGEM, 1974, p. 44).
“Uma comunidade que se não construa na base das exigências individuais e de sua dialética forçosamente reforçará a violência opressora do poder” (VANEIGEM, 1974, p. 46).
“A igualdade na grande familia dos homens exala o incenso das mistificações religiosas. É preciso ter as narinas entupidas para sentir se bem com isso. Para mim, a única igualdade que reconheço é aquela que a minha vontade de viver conforme os meus desejos reconhecem na vontade de viver dos outros. A igualdade revolucionaria será indissoluvelmente individual e coletiva” (VANEIGEM, 1974, p. 47).
“Numa sociedade industrializada que confunde trabalho e produtividade, a necessidade de produzir foi sempre antagônica ao desejo de criar” (VANEIGEM, 1974, p. 51).
“A tripalium é um instrumento de tortura. Labor significa ‘pena’. Alguma leviandade existe em esquecer a origem das palavras ‘trabalho’ e ‘labor’. Os nobres tinham pelo menos a memoria da sua dignidade tal como da indignidade que feria os seus escravos. O desprezo aristocrático do trabalho refletia o desprezo do senhor pelas classes dominadas; o trabalho era a expiação à qual as condenava desde toda a eternidade o decreto divino que os tinha determinado inferiores, por razões impenetráveis. O trabalho inscrevia-se entre as sanções da providencia, como punição do pobre, e porque dessa forma presidia à salvação futura, essa punição podia revestir os atributos da alegria. No fundo, o trabalho importava menos que a submissão” (VANEIGEM, 1974, p. 52).
“O amor do trabalho bem feito e o gosto da promoção no trabalho são hoje a marca indelével da frouxidão e da submissão mais estúpidas” (VANEIGEM, 1974, p. 53).
“Ter colocado a técnica ao serviço de uma poesia nova não terá sido o seu menor mérito. Nunca a burguesia terá sido tão grande como em seu desaparecer” (VANEIGEM, 1974, p. 79).
“Hoje os homens já não atribuem a sua miseria à hostilidade da natureza, mas à tirania de uma forma social perfeitamente inadequada, perfeitamente anacrônica” (VANEIGEM, 1974, p. 80).
“Se a troca pura regular um dia as modalidades de existencia dos cidadãos robôs da democracia cibernética, o sacrificio deixará de existir” (VANEIGEM, 1974, p. 83).
“A busca da verdadeira natureza, da vida natural oposta brutalmente à mentira da ideologia social, representa uma das ingenuidades mais comoventes de uma boa parte do proletariado revolucionario, dos anarquistas, e de espíritos tão notáveis como o do jovem Wilhelm Reich, por exemplo” (VANEIGEM, 1974, p. 88).
“Que desvio é esse no qual, ao me procurar, acabo por perder-me? Que cortina me separa de mim sob pretexto de me proteger? E como me reencontrar nesse esmigalhamento que me compõe? Avanço para não sei que incerteza de nunca me possuir. Tudo se passa como se os meus passos me precedessem, como se pensamentos e afetos desposassem os contornos de uma paisagem mental que eles pensam criar, e que na realidade os modela. Uma força absurda — tanto mais absurda quanto se inscreve na racionalidade do mundo e parece incontestável — coage a saltar sem descanso para atingir um solo que os meus pés nunca abandonaram. E por esse salto inútil em direção a mim, é-me roubado o meu presente; as mais das vezes vivo afastado daquilo que sou, ao ritmo do tempo morto” (VANEIGEM, 1974, p. 99-100).
“Aquilo que nos separa de nós proprios e enfraquece, une por laços falsos ao poder desse modo reforçado e escolhido como protetor, como pai” (VANEIGEM, 1974, p. 100).
“O poder é a soma das mediações alienadas e alienantes. A ciencia (scientia thelogiae ancilla — ‘a ciencia é serva de teologia’) operou a reconversão da mentira divina em informação operacional, em abstração organizada, devolvendo à palavra o seu sentido etimológico – ab-thahere – tirar para fora de” (VANEIGEM, 1974, p. 101).
“É verdade que o hábito mutilou de tal modo o homem que ele pensa que, ao mutilar-se, obedece à lei natural. Talvez seja também o esquecimento de sua propria perda que o amarra melhor ao pelourinho da submissão. Seja como for, cabe bem na mentalidade de um escravo associar o poder à única forma de vida possível, à sob(re)vida. E cabe bem nos designios do senhor encorajar esse sentimento” (VANEIGEM, 1974, p. 102).
“Os regimes feudais exibem cruamente a contradição: servos, meio homens meio bestas, convivem com um punhado de privilegiados entre os quais alguns se esforçam por aceder individualmente à exuberancia e ao poderio de viver” (VANEIGEM, 1974, p.103).
“Quando os dirigentes se apoderam da teoria esta se transforma em suas mãos em ideologia, numa argumentação ad hominem contra o homem. A teoria radical emana do indivíduo, do ser enquanto sujeito; penetra nas massas por aquilo que em cada qual existe de mais criativo, pela subjetividade; pela vontade de realização. Pelo contrário, o condicionamento ideológico é a manipulação técnica do desumano, do peso das coisas. Transforma os homens em objetos que não possuem sentido além da Ordem em que se arrumam. Reúne-os para isolá-los, faz da multidão uma multiplicação de solitários” (VANEIGEM, 1974, p. 106).
“Nenhum signo poético pode ser definitivamente açambarcado pela ideologia” (VANEIGEM, 1974, p. 107).
“Não se derrubará o poder como se derruba um governo. A frente unida contra a autoridade cobre a extensão da vida quotidiana e compromete a imensa maioria dos homens. Saber viver é saber não recuar uma polegada na luta contra a renúncia. Que ninguém subestime a habilidade do poder em empanturrar os seus escravos com palavras até fazer deles os escravos das suas palavras” (VANEIGEM, 1974, p. 108).
“De que armas dispõe cada um de nós para garantir a sua liberdade? Podemos citar três: 1. A informação corrigida no sentido da poesia: decifração de notícias, tradução de termos oficiais (tornando-se ‘sociedades’, na perspectiva oposta ao poder, ‘rackert ou ‘lugar do poder hierarquizado’), eventualmente glossario ou enciclopedia (Diderot tinha perfeitamente compreendido a sua importancia; os situacionistas também”. 2. O diálogo aberto, linguagem da dialética; as conversas e qualquer forma de discussão não espetacular. 3. Aquilo a que Jacob Boehme chama a ‘linguagem sensual’ (sensualische Sprache) ‘porque ela é um espelho límpido dos nossos sentidos’. E o autor  do Caminho para Deus precisa: ‘Na linguagem sensual, todos os espíritos conversam entre si, não necessitam de linguagem alguma, pois é a linguagem da natureza’. Se nos lembrarmos daquilo a que chamei a recriação da natureza, a linguagem de que fala Boehme surge nitidamente como a linguagem da espontaneidade, do ‘fazer’, da poesia individual e coletiva: a linguagem situada no eixo do projeto de realização, trazendo o ‘vivido’ pra fora das ‘cavernas da historia’. A isso se liga também o que Paul Brousse e Ravachol entendiam por ‘a propaganda pelo fato’” (VANEIGEM, 1974, p.108-109).
 “Os partidos do sacrificio absoluto ao Estado, á causa, ao Füher, esses grandes difamadores da vida, têm em comum com aqueles que opõem às morais e às técnicas da renuncia a sua furia de viver, um sentido antagônico, mas identificamente aguçado da festa. A vida assemelha-se tão espontaneamente a uma festa que, quando torturada por um monstruoso ascetismo, todo o brilho que lhe foi roubado o emprega em destruir-se de um só lance” (VANEIGEM, 1974, p. 115).
“Um militante nunca é revolucionário a não ser indo contra as idéias que aceitou servir. [...] A ideologia é a pedra sobre o túmulo do insurreto. Ela quer impedi-lo de ressuscitar” (VANEIGEM, 1974, p. 116).
“A revolução termina no momento em que se passa a ser necessario sacrificar-se por ela” (VANEIGEM, 1974, p. 116).
“Nada quero saber dos outros que primeiro me não diga respeito. É preciso que eles se salvem de mim como eu me salvei deles. O nosso projeto é comum. Exclua-se que alguma vez o projeto do homem total se funde numa redução do individuo. Não existe castração mais ou menos válida. A violencia apocalíptica da nova geração, o seu desprezo pelas prateleiras de preço único da cultura, da arte, da ideologia, confirmam-no nos fatos: a realização individual será obra do ‘cada um por si’ compreendido coletivamente. E de modo radical” (VANEIGEM, 1974, p. 117-118).
“A função do espetáculo ideológico, artístico, cultural, consiste em mudar os lobos da espontaneidade em pastores do saber e da beleza” (VANEIGEM, 1974, p.119).
“Vista na perspectiva do poder, a vida quotidiana não passa de um tecido de renuncias e de mediocridade. Ela é verdadeiramente o vazio. Uma estética da vida quotidiana faria de cada artista organizador desse vazio. O último sobressalto da arte oficial vai esforçar-se por modelar sob uma forma terapêutica aquilo que Freud tinha chamado com simplicidade suspeita o ‘instinto de morte’, ou seja, a submissão alegre ao poder. Sempre que a vontade de viver não emana espontaneamente da poesia individual, estende-se a sombra do sapo crucificado de Nazaré. Salvar o artista que vive em cada ser humano não se fará regredindo por formas artísticas dominadas pelo espírito de sacrificio. Tudo deve ser retomado pela base” (VANEIGEM, 1974, p. 120-121).
“O que é Deus? O fiador e a quintessencia do mito no qual se justifica o dominio do homem pelo  homem. A repugnante invenção não tem outra desculpa” (VANEIGEM, 1974, p. 123).
“Deus é o principio de toda a submissão, a noite que legaliza todos os crimes. O único crime ilegal é a recusa de aceitar um senhor. Deus é a harmonia da mentira; uma forma ideal na qual se unem o sacrifício voluntário do escravo (Cristo), o sacrifício consentido do senhor (o Pai; o escravo é o filho do senhor) e o seu laço indissolúvel (o Espírito Santo). O homem ideal, criatura divina, unitária e mítica na qual a humanidade é convidada a reconhecer-se, realiza o mesmo modelo trinitário, um corpo submetido ao espírito que o guia para a maior glória da alma, a síntese englobante” (VANEIGEM, 1974, p. 125).
“Quando os povos deixam de ser iludidos, deixam de obedecer” (VANEIGEM, 1974, p. 126).
“A máquina de matar já não reconhece os seus senhores e partir do momento em que os assassinos da ordem deixam de obedecer à fé do mito ou, se se quiser, ao Deus que legaliza os seus crimes” (VANEIGEM, 1974, p.130).
“Está na lógica das coisas que o ultimo ator filme a sua propria morte” (VANEIGEM, 1974, p.132).
“O fato merece ser assinalado: por mais longe que se recue, o dominio da terra e dos homens depende sempre de técnicas invariavelmente consagradas ao serviço do trabalho e da ilusão” (VANEIGEM, 1974, p.132).
“Isso significa também que num sentido, o do governo dos homens, o progresso dos conhecimentos humanos aperfeiçoa a alienação; quanto mais o homem se conhece pela via oficial, mais ele se aliena. A ciencia é o álibi da policia. Ela ensina até que grau se pode torturar sem levar à morte, ela ensina, sobretudo, até que ponto nos podemos tornar o héautontimorouménos, respeitável carrasco de nós mesmos. Como se tornar coisas guardando a aparencia humana e em nome de uma certa aparencia humana” (VANEIGEM, 1974, p. 134).
“Queremos viver, na idéia dos outros, numa vida imaginaria e por isso esforçamo-nos por parecer. Trabalhamos para embelezar e conservar esse ser imaginário e desprezamos o verdadeiro” (PASCAL apud VANEIGEM, 1974, p. 138).
“O espetáculo enxertado na vida cotidiana há muito tempo se adiantou à Pop Art. Era previsível que alguns tomariam por modelo essas colagens — remuneradoras em todos os lances — de sorrisos conjugais, de crianças estropiadas e de gênios habilidosos. De qualquer forma, é aí que o espetáculo atinge o estadio critico, o ultimo antes da presença efetiva do cotidiano. Os personagens roçam excessivamente e perto a sua negação. O fracassado desempenha o seu personagem mediocremente, o inadaptado recusa-o. À medida que a organização espetacular se esboroa, engloba os setores desfavorecidos, alimenta-se com seus próprios resíduos. Cantores afônicos, artistas mesquinhos, premiados infelizes, vedetes insípidas, atravessam periodicamente o céu da informação com uma freqüência que determina o seu lugar na hierarquia” (VANEIGEM, 1974, p. 141).
“A doença mental não existe. É uma categoria cômoda para arrumar e afastar os acidentes de identificação. Aqueles que o poder não pode governar nem matar rotulam-os de loucura” (VANEIGEM, 1974, p. 143).
“Aquilo que se ganha em parecer perde-se em ser e em dever ser” (VANEIGEM, 1974, p. 145).
“As escolas-fábricas, a publicidade, o condicionamento de qualquer Ordem ajuda com solicitude a criança, o adolescente, o adulto a obter lugar na grande família dos consumidores” (VANEIGEM, 1974, p. 149).
“É cômico ouvir os protestos dos humanistas contra a redução dos homens a números, a matrículas. Como se a destruição do homem sob a originalidade em putrefação do nome não igualasse a desumanidade de uma série de algarismos. Já disse que a luta confusa entre os pretensos progressistas e os reacionários andava em volta da questão: deve rebentar-se o homem à cacetada ou utilizando recompensas? Uma bela recompensa é possuir um nome conhecido” (VANEIGEM, 1974, p. 151).
“Outrora morria-se de morte feita vida, em Deus. Hoje o respeito da vide impede tocá-la, despertá-la, tirá-la da letargia. Morre-se por inercia, quando a quantidade de morte que se traz em si mesmo atinge o ponto de saturação. Qual será a academia de ciencias que revelará a taxa de radiações mortais que matam os nossos gestos cotidianos? À força de nos identificarmos com o que não somos nós proprios, de passarmos de um personagem  a outro, de um poder a outro, de uma a outra idade, como deixar de ser essa passagem eterna que é a decomposição?” (VANEIGEM, 1974, p. 169-170).
“Se se destruir a paixão, ela renasce na paixão de destruir” (VANEIGEM, 1974, p. 170).
“Ninguém tem o direito de ignorar que a força do condicionamento o habitua a sobreviver com um centésimo das suas possibilidades de viver” (VANEIGEM, 1974, p. 171).
“Doravante, para elaborar uma coletividade harmoniosa, a teoria revolucionária deverá basear-se já não no comunitário, mas na subjetividade, nos casos específicos, no vivido particular” (VANEIGEM, 1974, p. 175).
“Todas as coisas que Deus criou são comuns a todos. Que a mão se apodere daquilo que o olhar vê e deseje” (JEAN DE BRÜNN apud VANEIGEM, 1974, p. 178).
“O homem verdadeiramente livre é rei e senhor de todas as criaturas. Todas as coisas lhe pertencem, e tem direito de se servir de todas as que lhe agradam. Se alguém o impede, o homem livre tem direito de o matar e de lhe tirar os bens?” (JOHANN HARTMANN apud VANEIGEM, 1974, p. 178).
“Apreender-se na perspectiva das coações é sempre olhar no sentido desejado pelo poder, quer seja para recusá-lo, quer seja para aceitá-lo” (VANEIGEM, 1974, p. 183).
“O condicionamento tem por função colocar e deslocar cada pessoa ao longo da escala hierárquica. A inversão de perspectiva implica uma espécie de anti-condicionamento, não um condicionamento de tipo novo, mas uma tática lúdica: o desvio. A inversão de perspectiva substitui o conhecimento pela práxis, a esperança pela liberdade, a mediação pela vontade de imediato. Consagra o triunfo de um conjunto de relações humanas baseadas em três pólos inseparáveis: a participação, a comunicação, a realização. Inverter a perspectiva é deixar de ver com os olhos da comunidade, da ideologia, da família, dos outros. É apreender-se a si próprio solidamente, escolher-se como ponto de partida e como centro. Fundar tudo na subjetividade e seguir a vontade subjetiva de ser tudo. Na linha de mira do  meu insaciável desejo de viver, a totalidade do poder não passa de um alvo particular num horizonte mais vasto” (VANEIGEM, 1974, p. 198).
“A subjetividade é a única verdade” (KIERKEGAARD apud VANEIGEM, 1974, p. 204).
“A espontaneidade - A espontaneidade é o modo de ser da criatividade individual. Ela é o seu primeiro jorro, ainda imaculado; nem corrompido na fonte, nem ameaçado de recuperação. Se a criatividade é a coisa do mundo mais bem repartida, a espontaneidade, pelo contrário, parece depender de um privilégio. Só a possuem aqueles que uma longa resistência ao poder carregou com a consciência do próprio valor individual: a maioria dos homens nos momentos revolucionários, e mais do que o que se pensa, num tempo em que a revolução se constrói todos os dias. Onde quer que subsista um raio de criatividade, a espontaneidade conserva as suas possibilidades” (VANEIGEM, 1974, p. 205).
“O espaço preciso da vida cotidiana rouba uma parcela de tempo ‘exterior’, graças à qual se cria um pequeno espaço-tempo unitario: é o espaço-tempo dos momentos, da criatividade, do prazer, do orgasmo. O lugar dessa alquimia é minúsculo, mas a intensidade vivida é tal que exerce na maioria das pessoas um fascinio sem igual. Visto pelos olhos do poder, observado do exterior, o momento apaixonado não passa de um ponto irrisorio, um instante drenado do futuro ao passado. Do presente como presença subjetiva imediata, a linha do tempo objetivo nada sabe e nada quer saber. E por sua vez, a vida subjetiva apertada no espaço de um ponto — a minha alegria, o meu prazer, as minhas fantasias — quereria nada saber do tempo do escoamento, do tempo linear, do tempo das coisas. Ela deseja, pelo contrario, aprender tudo com o presente, pois que, afinal, ela nada mais é que um presente” (VANEIGEM, 1974, p. 240).

VANEIGEM, Raoul. A arte de viver para a geração nova. Porto: Afrontamento, 1974.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Piotr Kropotkin - A conquista do pão

A conquista do pão
(Piotr Kropotkin)


«Cada descoberta, cada progresso, cada aumento da riqueza da humanidade tem o seu principio no conjunto do trabalho manual e Cerebral do passado e do presente. Logo, com que direito poderia alguém apossar-se da menor parcela desse imenso patrimônio e dizer: ‘Isto é meu, não é vosso?’» (KROPOTKIN, 2011, p.11).

«Compreende-se que sem retidão, sem o respeito de si mesmo, sem simpatia e sem auxílio mútuo, a espécie deve definhar como definham certas espécies que vivem de rapina» (KROPOTKIN, 2011, p. 13).

«A apropriação pessoal não é justa nem proveitosa. Tudo é de todos, visto que todos precisam de tudo, visto que todos têm trabalhado na medida de suas forças, e que é materialmente impossível determinar a parte que poderia pertencer a cada um na produção atual das riquezas» (KROPOTKIN, 2011, p. 14).

«Para que o bem-estar seja uma realidade é necessário que esse imenso capital: cidades, casas, campos, oficinas, vias de comunicação, deixe de ser considerado propriedade privada de que o açambarcador dispõe ao seu bel-prazer. É preciso que tudo isso, obtido com tanto trabalho, se torne propriedade comum. É preciso EXPROPRIAÇÃO» (KROPOTKIN, 2011, p. 20).

«Que tudo seja de todos na realidade, como em principio e que enfim na historia se produza uma revolução que cuide das ‘necessidades’ do povo antes de lhe ensinar a lição dos seus ‘deveres’» (KROPOTKIN, 2011, p. 24).

«O individuo, não mais ligado por leis, só terá hábitos sociais, resultado da necessidade de procurar o apoio, a cooperação e a simpatia dos vizinhos» (KROPOTKIN, 2011, p. 32).

«Todos nós fomos educados desde as tradições romanas e as ciencias professadas nas universidades, a crer no governo e no Estado-Providencia» (KROPOTKIN, 2011, p. 33).

«Em pleno século XIX como na idade media, é ainda a pobreza do camponês que faz a riqueza dos proprietarios de terras» (KROPOTKIN, 2011, p. 39).

«Nove décimos das fortunas colossais dos Estados Unidos são devidos a alguma grande falcatrua feita com o concurso do Estado. Na Europa acontece outro tanto e não há duas maneiras de ser fazer milionario» (KROPOTKIN, 2011, p. 40).

«Se o agricultor se liberta do grande proprietario de terras sem que a industria se liberte do capitalista, do comerciante e do banqueiro, não há nada feito» (KROPOTKIN, 2011, p. 43).

«Tudo é solidario nas nossas sociedades e é impossível reformar o que quer que seja sem derrubar o conjunto. No dia em que se tocar na propriedade particular sob uma das reformas – agrícola ou industrial, tem de se tocar em todas as outras. Assim o exigirá o sucesso da Revolução. Além disso, a expropriação não poderia ser senão geral; uma expropriação parcial não se compreenderia» (KROPOTKIN, 2011, p. 45).

«Queira ou não, é assim que o povo entende a revolução. Quando tiver varrido os governos, ele buscará, antes de tudo, garantir-se um alojamento saudável, uma alimentação suficiente e vestuário sem pagar impostos» (KROPOTKIN, 2011, p. 46).

«Será, pois necessário, quanto a nós, que o povo se aposse imediatamente de todos os gêneros que se encontrarem nas comunas insurgidas, inventariá-los e fazer de todo modo que, sem os esbanjar, todos se aproveitem dos produtos acumulados para atravessar o período de crise» (KROPOTKIN, 2011, p. 51).

«Em que bases poderia fazer-se a organização para gozar os gêneros comuns? É uma pergunta que surge naturalmente. [...] Numa palavra: tomar a esmo o que se possui em abundancia; arraçoamento do que tiver de ser partilhado![Pois] é preciso nunca ter visto o povo deliberar para crer que, se fosse senhor, ele não o fizesses conforme os mais puros sentimentos de justiça e de equidade» (KROPOTKIN, 2011, p. 54-55).

«Sendo toda a nossa civilização burguesa baseada na exploração das raças inferiores, o primeiro beneficio da revolução será já ameaçar essa ‘civilização’, permitindo às raças chamadas inferiores emanciparem-se» (KROPOTKIN, 2011, p. 63).

«Pode-se mudar de governo sem que jamais ao bom burguês falte a hora do seu jantar, mas não se reparam assim os crimes duma sociedade contra os que a sustenta» (KROPOTKIN, 2011, p. 74).

«É porventura um sonho conceber uma sociedade onde, sendo todos produtores, recebendo todos instrução que lhe permita cultivar as ciencias ou as artes, e tendo todos vagar de o fazer, se associem entre si para publicarem seus trabalhos suportando a sua parte do trabalho manual?» (KROPOTKIN, 2011, p. 91).

«No dia em que as letras e a ciencia se virem livres da escravidão mercenaria tomarão o seu verdadeiro lugar na obra do desenvolvimento humano» (KROPOTKIN, 2011, p. 93).

«O que é preciso para favorecer o genio das descobertas é primeiramente o desperta do pensamento, é a audacia de concepção, que toda a nossa educação contribui a fazer esmorecer» (KROPOTKIN, 2011, p. 95).

«É precisamente para por fim a esta separação entre o trabalho mental e o trabalho manual, que nós queremos abolir o salariado, que queremos a Revolução social. Então o trabalho não se apresentará como uma maldição da sorte tornar-se-á o que deve ser: o livre exercicio de ‘todas’ as faculdades do homem» (KROPOTKIN, 2011, p. 129).

«Quem observar com um olhar inteligente sabe que a criança reputada preguiçosa na escola, muitas vezes compreende mal o que lhe é mal-ensinado. Muitas vezes também, o seu caso provêm de anemia cerebral, resultado da pobreza e duma educação anti-higiênica» (KROPOTKIN, 2011, p. 136).


«O engenheiro, o sabio, o doutor exploram Um capital  o seu diploma como o burguês explora uma oficina ou como o nobre explora os seus títulos de nascimento» (KROPOTKIN, 2011, p. 144).

«Antes de carregar de ciencia o cérebro da criança, daí-lhe primeiro sangue, fortificai e, para que não perca o seu tempo, levai-a ao campo ou a borda do mar. Aí ensinai-lhe ao ar livre, e não em livros, a geometria, medindo com ela as distancias até os rochedos próximos; ela aprenderá as ciencias naturais colhendo as flores e pescando no mar; a física, fabricando o barco em que há de ir pescar. Mas, por favor, não lhe enchais o cérebro de frases e de linguas mortas. Não façais do menor um preguiçoso. [...] Não vedes que os vossos métodos de ensino, elaborados por um ministro para milhões de alunos que representam milhões de capacidades diferentes, não fazei mais do que impor um sistema bom para mediocridades, imaginado por uma media de medíocres. A nossa escola torna-se uma universidade da preguiça, como a vossa prisão é uma universidade do crime» (KROPOTKIN, 2011, p. 138).

«’Abaixo os privilegios da educação, tal qual os do nascimento!’ Somos anarquistas precisamente porque esses privilegios nos revoltam» (KROPOTKIN, 2011, p. 146).

«Poderiam dizer antes, que o Estado, tendo-lhe sempre levado uma boa parte dos seus produtos em forma de impostos, o padre em forma de dízimos, e o proprietario em forma de renda, criou-se uma classe de homens que antigamente consumiam o que produziam, salvo a parte reservada para o imprevisto ou das despesas representadas por árvores, estradas, etc., mas que hoje são obrigados a sustentar-se de castanhas ou de milho, beber água-pé, sendo o resto levado pelo Estado, o proprietario, o padre e o agiota» (KROPOTKIN, 2011, p. 158).

«O capital vai a todo parte onde se encontram miseráveis a explorar» (KROPOTKIN, 2011, p. 169).

«Assim o proprietario, o Estado e o banqueiro roubam o cultivador, pela renda, o imposto e os juros» (KROPOTKIN, 2011, p. 179).

«Pão, carne e leite, esses três produtos que depois da habitação formam a preocupação principal, cotidiana, dos nove décimos da humanidade» (KROPOTKIN, 2011, p. 184).

«Embrutecidos pelas nossas instituições na escola, escravizados ao passar para a idade madura e até o túmulo, quase não ousamos pensar» (KROPOTKIN, 2011, p. 195).

«Será ainda pelo trabalho em comum da terra que as sociedades libertarias acharão de novo a sua unidade e apagarão os odios, e as opressões que as haviam dividido» (KROPOTKIN, 2011, p. 196).

KROPOTKIN, Piotr. A conquista do pão. Rio de Janeiro: Rizoma, 2011, 201p. Tradução: Cesar Falcão.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Adolf Hitler - Minha luta (Tradução: Klaus Von Puschen)

Adolf Hitler - Minha luta
2ª Parte – Capitulo II – o Estado (p. 295-328)


“Se o mundo clássico nunca tivesse existido, se os alemães tivessem descido para os países do sul, de clima mais favorável, e ali tivessem contado como os primeiro auxílios da técnica, empregando a seu serviço raças que lhe eram inferiores, então a capacidade criadora latente teria produzido uma civilização tão brilhante como a dos Helenos” (HITLER, 2001. p. 299).
“A finalidade principal de um Estado nacionalista é a conservação dos primitivos elementos raciais que, por seu poder de disseminar a cultura, criam a beleza e a dignidade de uma humanidade mais elevada. Nós, como arianos, vivendo sob um determinado Governo, podemos apenas imaginá-lo como um organismo vivo da nossa raça que não só assegurará a conservação dessa raça, mas a colocará em situação de, por suas possibilidades intelectuais, atingir uma mais alta liberdade” (HITLER, 2001. p. 300).
“A paz do mundo não se mantém com as lágrimas de carpideiras pacifistas, mas pela espada vitoriosa de um povo dominador que põe o mundo a serviço de uma alta cultura” (HITLER, 2001. p. 302).
“Com essa missão, o Estado, pela primeira vez, assume a sua verdadeira finalidade. Em vez do palavreado irrisório sobre a segurança da paz e da ordem, por meios pacíficos, a missão da conservação e do progresso de uma raça superior escolhida por Deus é que deve ser vista como a mais elevada” (HITLER, 2001. p. 303).
“O Estado alemão deve reunir todos os alemães com a finalidade não só de selecionar os melhores elementos raciais e conservá-los mas também de elevá-los, lenta mas firmemente, a uma posição de domínio” (HITLER, 2001. p. 303).
“Quem não quiser que a humanidade marche para essa situação, deve se converter á idéia de que a missão principal dos Estados Germânicos é cuidar de por um paradeiro a uma progressiva mistura de raças” (HITLER, 2001. p. 305).
“A infância deve ser vista como a mais preciosa propriedade da Pátria” (HITLER, 2001. p. 307).
“Nessa obra de educação, o Estado deve coroar os seus esforços tratando também do aspecto intelectual. Deve agir, nesse sentido, sem consideração de qualquer espécie, sem procurar saber se a sua atuação é bem ou mal entendida, popular ou impopular” (HITLER, 2001. p. 307).
“O Estado deve dirigir a educação do povo, não no sentido puramente intelectual, mas visando, sobretudo à formação de corpos sadios Em segundo plano, é que vem a educação intelectual. Aqui, ainda, a formação do caráter deve ser a primeira preocupação, especialmente a formação do poder da vontade e de decisão e do hábito de assumir com prazer todas as responsabilidades. Só depois disso, é que vem a aquisição do conhecimento puro” (HITLER, 2001, p. 309).
“Em um estado nacionalista, a escola deve reservar mais tempo para os exercícios físicos [...] O ideal humano não consiste em modestos burgueses ou virtuosas solteironas, mas ao contrário, em homens e mulheres fortes que possam dar ao mundo outros seres em idênticas condições” (HITLER, 2001. p. 310-311).
“A revolução só triunfou porque a educação ministrada nas escolas superiores não formavam homens, no verdadeiro sentido da palavra, mas funcionários, engenheiros, juristas, literatos e, por fim, professores encarregados de manter sempre viva essa instrução puramente intelectual” (HITLER, 2001. p. 311).
“Nesta escola [nacionalista] é que o rapaz se deve transformar em homem. Não deve só aprender a obedecer, mas também a comandar, de futuro” (HITLER, 2001. p. 313).
“A verdade é que o mundo passa por grandes transformações. A única questão, a saber, é se o resultado final será a favor da raça ariana ou em proveito do eterno judeu. A tarefa do Estado nacionalista será, por isso, a de preservar a raça e prepará-la para as grandes e finais decisões, por meio da educação apropriada da mocidade” (HITLER, 2001. p. 321-322).
“O Estado e seus dirigentes não existem para possibilitar uma vida cômoda às diferentes classes, mas para que essas possam cumprir a missão que lhes está reservada. Isso, porém, só será possível se para as direções de direção se instruírem os mais capazes, os de mais força de vontade” (HITLER, 2001. p. 325).
“É dever do Estado assegurar a cada um a atividade que corresponde á sua capacidade, ou,   em outras palavras, aperfeiçoar os indivíduos capazes para os trabalhos que lhes estão reservados” (HITLER, 2001. p. 326).


HITLER, Adolf. Minha luta. São Paulo: Centauro, 2001. 509p. Tradução: Klaus Von Puschen. (2ª Parte – Capitulo II – o Estado (p. 295-328)

Mao Tse-Tung - O livro vermelho


O livro vermelho (Mao Tse-Tung)

«Constitui tarefa muito árdua assegurar um vida melhor às várias centenas de milhões de chineses e fazer do nosso país, econômica e culturalmente atrasado, um pais próspero, poderoso e com alto nível de cultura» (TUNG, 1972, p. 5).

«A revolução é uma insurreição, é um ato de violencia pelo qual uma classe derruba outra» (TUNG, 1972, p. 13).

«Para se concluir a consolidação definitiva, é necessario [...] realizar uma luta revolucionaria e uma educação socialistas constantes e árduas, quer na frente política que na frente ideológica» (TUNG, 1972, p. 30).

«A nossa tarefa atual é reforçar o aparelho de Estado o povo sobretudo o exército popular, a polícia popular e os tribunais populares a fim de consolidar a defesa nacional e proteger os interesses do povo» (TUNG, 1972, p. 40). [Obras Escolhidas, Tomo IV. Sobre a ditadura democrática popular, em 30 de junho de 1949].

«A ditadura democrática popular implica dois métodos. Com relação aos inimigos usa o método ditatorial [...]. Com relação ao povo, ela não usa o método da compulsão, mas sim o da democracia, quer dizer, há que deixá-lo participar nas atividades políticas, sem compeli-lo a fazer isso ou aquilo, mas antes empregando o método da democracia, educando-o e persuadindo-o» (TUNG, 1972, p. 45-46).

«O nosso Governo Popular é um governo que representa genuinamente os interesses do povo, um governo que serve ao povo» (TUNG, 1972, p. 50-51).

«O principio de usar métodos distintos para resolver contradições distintas é um principio que os marxistas-leninistas devem usar rigorosamente» (TUNG, 1972, p.55).

«A única via para resolver as questões de natureza ideológica ou as controvérsias no seio do povo é o uso do método democrático, da discussão, da crítica, persuasão e educação, e nunca o uso de métodos de coerção ou repressão» (TUNG, 1972, p. 56).

«Para poder dedicar-se com eficacia à produção e ao estudo, e a fim de ordenar de forma correta a sua vida, o povo exige que o seu governo e os responsáveis pela produção e pelas organizações de cultura e educação formulem disposições administrativas adequadas com caráter obrigatório. O bom senso diz que a manutenção da ordem pública seria impossível sem tais disposições. As disposições administrativas e o método de persuasão e educação completam-se mutuamente na resolução das contradições existentes no seio do povo» (TUNG, 1972, p. 56-57).

«Pode, portanto, dizer-se que a política é a guerra sem derramamento de sangue, e a guerra, política sangrenta» (TUNG, 1972, p. 64).

«As revoluções e as guerras revolucionarias são inevitáveis numa sociedade de classes» (TUNG, 1972, p. 65).

«O poder político nasce do fuzil» (TUNG, 1972, p. 66).

«A tarefa central e a forma suprema da revolução é a conquista do poder político pelas armas, é a solução desse problema pela guerra» (TUNG, 1972, p. 67).

«O exército é o principal componente do Estado. Todo aquele que quiser conquistar e manter o poder de Estado deverá possuir um forte exército» (TUNG, 1972, p. 68).

«As armas e o Partido Comunista Russo criaram o socialismo» (TUNG, 1972, p. 68).

«Pela força das armas a classe operaria e as massas trabalhadoras podem derrotar a burguesia e os senhores de terras que estão, ambos, armados. Nesse sentido é correto dizer-se que só com as armas se pode transformar o mundo» (TUNG, 1972, p. 68).

«Quando a sociedade humana avançar até o ponto em que as classes e os Estados desapareçam, não haverá mais guerras, nem contra-revolucionarias nem revolucionarias, nem injustas nem justas será a era da paz eterna para a humanidade» (TUNG, 1972, p. 69).

«Para combater o inimigo, nós formulamos, no decorrer dum longo período, o conceito seguinte: estrategicamente, desprezar todos os inimigos e, taticamente, tê-los em muito boa conta» (TUNG, 1972, p. 86).

«O nosso principio é o seguinte: o Partido comanda o fuzil, e jamais permitiremos que o fuzil comande o Partido» (TUNG, 1972, p. 113).

«Nunca devemos fingir que conhecemos aquilo que não conhecemos, ‘nem ter vergonha, de consultar os nossos subordinados’, pelo contrario, devemos escutar cuidadosamente os pontos de vista dos quadros e escalões inferiores» (TUNG, 1972, p. 120).

«No plano orgânico, é necessário assegurar uma democracia sob direção centralizada» (TUNG, 1972, p. 127).

«O essencial é, naturalmente, dar uma educação ideológica obre a linha de massas, devendo-se, ao mesmo tempo, ensinar a esses camaradas muito dos métodos concretos de trabalho» (TUNG, 1972, p. 134-135). “Conversa com os redatores do Diario Xansi-Sueiyuam” (2 de abril de 1948), Obras Escolhidas Tomo IV.

«Enquanto as massas não estão conscientes e desejosas, toda especie de trabalho que requerer a sua participação resulta em mera formalidade e termina num fracasso» (TUNG, 1972, p. 136-137)

«O autoritarismo é errôneo, seja em que tipo de trabalho for, porque ultrapassa o nível de consciência política das massas e viola o principio da ação voluntaria destas» (TUNG, 1972, p.139).

«As armas são um fator importante na Guerra, mas não são o fator decisivo. É o homem, e não as coisas, quem constitui o fator decisivo» (TUNG, 1972, p.152-153).

«A educação ideológica é a chave que importa dominar na realização da unidade do conjunto do Partido com vistas às grandes lutas política» (TUNG, 1972, p. 155).

«Todos os departamentos e organizações devem assumir as suas responsabilidades de trabalho ideológico e político. Isso se aplica tanto ao Partido Comunista, como à Liga da Juventude [...] e em especial, aos diretores e professores dos estabelecimentos de ensino» (TUNG, 1972, p. 156-157).

«O que conta realmente no mundo é ser consciente; é nesse sentido que se esforça particularmente o Partido Comunista» (TUNG, 1972, p. 162).

«Os comunistas devem usar o método democrática de persuasão e educação na sua atividade entre o povo trabalhador, sendo absolutamente inadmissível que adotem uma atitude autoritária ou meios de coerção» (TUNG, 1972, p. 166).

«XVI. A EDUCAÇÃO E A INSTRUÇÃO MILITAR. A nossa política, no domínio da educação, deve permitir que todos os que a recebam se desenvolvam moral, intelectual e fisicamente, e se convertam em trabalhadores cultos e de consciencia socialista» (TUNG, 1972, p. 180).

«Os incontáveis fenômenos do mundo exterior objetivo refletem-se no cérebro humano através dos cinco órgãos dos sentidos vista, ouvido, olfato, gosto e tato; assim se constitui, no início, o conhecimento sensível. Quando esses dados sensíveis se acumulam suficientemente, produz-se um salto pelo qual eles se transformam em conhecimento racional, quer dizer, idéias. Eis aí um processo no conhecimento. Trata-se da primeira etapa do processo global do conhecimento, a etapa que vai da materia objetiva ao espírito subjetivo, da existencia às ideias» (TUNG, 1972, p. 225).

«Todos os conhecimentos autênticos resultam da experiencia direta» (TUNG, 1972, p. 227).

«Nada é mais cômodo no mundo que a atitude idealista e metafísica, na medida em que permite que se afirme seja o quer for sem se ter em conta a realidade objetiva e sem se submeter ao controle desta» (TUNG, 1972, p. 230).

«No interior de toda a coisa ou fenômeno há contradições, daí o seu movimento e desenvolvimento» (TUNG, 1972, p. 231).

«A filosofia marxista considera que a lei da unidade dos contrários é a lei fundamental do universo. [...] Para cada coisa ou fenômeno concreto, a unidade dos contrários é condicional, temporaria, transitoria e, portanto relativa, enquanto que a luta dos contrários é absoluta» (TUNG, 1972, p. 232-233).

«A unilateralidade significa pensar em termos absolutos, quer dizer, é encarar os problemas de maneira metafísica» (TUNG, 1972, p. 239).

«Ao mesmo tempo em que reconhecemos que no decurso do desenvolvimento geral da historia o material determina o espiritual, o ser social determina a consciencia social, nós reconhecemos e devemos reconhecer a ação que, em contrapartida, o espiritual exerce sobre o material, a consciencia social sobre o ser social, a superestrutura sobre a base econômica. Isso não é contrariar o materialismo, pelo contrario, é evitar cair no materialismo mecanicista, é perseverar firmemente no materialismo dialético» (TUNG, 1972, p. 241).

«O Estado popular protege o povo. É somente depois que o povo passa a dispor dum tal Estado que ele pode, por métodos democráticos, educar-se e reformar-se à escala nacional, e com a participação de todos, desembaraçar-se da influencia dos reacionarios do interior e do estrangeiro» (TUNG, 1972, p. 271).

«No seio do povo, a democracia é correlativa ao centralismo e a liberdade é correlativa à disciplina. [...] Sob tal sistema, o povo goza duma ampla democracia e liberdade mas, ao mesmo tempo, ele deve manter-se dentro dos limites da disciplina socialista» (TUNG, 1972, p. 276).

«Capitulo XXVII. A CRÍTICA E A AUTOCRÍTICA. O partido Comunista não teme a crítica porque nós somos marxistas, temos a verdade do nosso lado» (TUNG, 1972, p. 280).

«Com respeito às falhas pessoais, desde que não estejam relacionadas com erros políticos ou de organização, não se torna necessário criticá-las demasiadamente, pois, de contrário, os camaradas em causa ficarão perdidos, sem saber o que fazer» (TUNG, 1972, p. 286). [In: Sobre a eliminação das concepções errôneas no seio do Partido (Dezembro de 1929). Obras Escolhidas, Tomo I.

«Um comunista deve preocupar-se mais com o Partido e as massas do que com qualquer individuo» (TUNG, 1972, p. 291).

«As mulheres chinesas constituem uma grande reserva de força de trabalho. Essa reserva deve ser aproveitada na luta pela construção dum país socialista» (TUNG, 1972, p. 323).

«O nosso objetivo é garantir que a literatura e a arte se integrem como parte componente no conjunto da máquina da revolução, que funcionem como uma arma poderosa para unir e educar o povo, para atacar e destruir o inimigo, e que ajudem o povo a combater o inimigo com um mesmo sentimento e uma mesma vontade» (TUNG, 1972, p. 326).

TUNG, Mao Tse. O livro vermelho. São Paulo: Global, 197[2], 343p.